O relatório da DGS, divulgado este domingo, refere que existem 30 casos confirmados em Portugal. São mais nove infeções que vem juntar-se às oito anunciadas no sábado e que foram confirmadas pela DGS.

A distribuição das infeções confirmadas em termos de idades vai dos 10 aos 79 anos. O paciente mais velho é uma mulher, com idade entre 70 e 79 anos, lê-se no boletim da DGS. A distribuição das infeções confirmadas em termos de idades vai dos 10 aos 79 anos. Do total de casos, 12 são do sexo feminino e 15 do sexo masculino. Resumindo, este domingo verificaram-se os seguintes aumentos de casos por faixas etárias: dos 10 aos 19 (mais dois novos casos do sexo feminino), dos 20 aos 29 (mais um caso do sexo feminino), dos 30 aos 39 (mais um do sexo masculino), dos 40 aos 49 (mais duas mulheres), dos 50 aos 59 (um homem), dos 60 a0s 69 (mais um homem) e dos 70 aos 79 anos (mais uma mulher).

Neste momento, Portugal totaliza 30 infeções por COVID-19, mais 17 do que os contabilizados na sexta-feira, segundo o boletim epidemológico. Dos 30, apenas seis casos são importados de outros países, nomeadamente um de Espanha e cinco de Itália, verificando-se mais um caso importado entre sábado e domingo. Os restantes são o resultado de contágio direto com outro infetado, existindo neste momento quatro cadeias de transmissão ativas.

Assim, 18 estão internados no Hospital de São João e seis no Santo António, no Porto, cinco no Curry Cabral, em Lisboa e um Hospital Pediátrico Dona Estefânia, em Lisboa. Nenhum dos casos positivos teve alta até ao momento. O mapa disponibilizado pela DGS não regista casos no Alentejo e Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira. Foi detetado COVID-19 pela primeira vez no Sul de Portugal, com um caso. Trata-se de uma menor de 16 anos, oriunda de Portimão, que foi internada no Hospital Pediátrico Dona Estefânia, em Lisboa, e que viajou para Itália com a família durante o Carnaval, refere o jornal Sul Informação. O estabelecimento onde estuda - Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes - vai ser encerrado para limpeza.

De acordo com o boletim epidemológico da DGS ao início da noite de sábado. Neste momentos existem 281 suspeições que ainda estão por confirmar, sendo que 56 estão a aguardar resultado laboratorial.

Segundo o jornal Público, um hospital de campanha do INEM iria ser montado, durante a noite de sábado, junto ao serviço de urgência do Hospital de São João, no Porto.

Recorde-se que este é o hospital português com maior número de casos positivos internados, sendo que na passada segunda-feira, Graça Freitas afirmou que os hospitais do Porto tinham esgotado a sua capacidade para acolher casos confirmados e suspeitos. A informação não foi confirmada por Marta Temido que no dia seguinte afirmou que os hospitais de São João e Santo António mantinham a sua capacidade de resposta. A ministra da Saúde afirmou que existem duas mil camas preparadas no país.

Já tinha sido noticiado na sexta que um hospital de campanha seria acionado no Hospital Santa Maria, em Lisboa, num pedido feito à Cruz Vermelha. "Vão ser colocadas essas infraestruturas nos hospitais que possam requerer ambiente de isolamento específico para doentes suspeitos a fim de não estarem próximos dos doentes que procuram dos doentes que procuraram as urgências habitualmente", revelou Francisco George à TSF.

Medidas de prevenção no Norte do país

Na conferência de imprensa de ontem, Marta Temido informou que, por precaução, o edifício onde são lecionados os cursos de História da Universidade do Minho, a Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto e a Escola Básica e Secundária de Idães, em Felgueiras, serão encerrados.

“Identificámos que casos recentemente confirmados com o COVID-19 estiveram em instituições de ensino, elevando o risco de transmissão nessas instituições", disse a ministra da Saúde.

"Assim, a autoridade nacional e as autoridades regionais de saúde recomendaram tecnicamente o encerramento da Escola Básica e Secundária de Idães em Felgueiras, da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, do ICBAS [Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, também da Universidade do Porto], e do edifício onde funciona o curso de História da Universidade do Minho”, precisou Marta Temido.

Estão também temporariamente suspensas as visitas em hospitais, lares e prisões na região norte. A ministra recomendou também o adiamento de eventos sociais.

Marta Temido explicou ainda que as autoridades de saúde identificaram “a capacidade de um conjunto de hospitais”. No entanto, “se o surto evoluir, todos os hospitais do Sistema Nacional de Saúde serão activados” garantiu. Há assim, neste momento hospitais de primeira, segunda e terceira linha, sendo que a norte do país, zona com maior números de doentes infetados, apesar de o hospital de referência ser o São João, o Santo António já foi ativado e os hospital de Braga e o Pedro Hispano também estão preparados para dar resposta ao surto do novo coronavírus.

Questionada sobre o número de camas e profissionais de saúde disponíveis no país para lidar com este surto, a ministra informou que “a capacidade de resposta irá sendo dinamicamente ajustada àquilo que sejam as necessidades”. Caso haja necessidade poderá usar-se outros recursos, nomeadamente do setor privado "que já manifestou a sua disponibilidade".

Graça Freitas explicou também que “as medidas que tomamos para o Norte serão tomadas para outras regiões, se a situação for semelhante ou pior”, uma vez que as decisões estão a ser tomadas “dia a dia, minuto a minuto”, de acordo com a evolução do novo coronavírus no país.

Fase de contenção alargada

Portugal mantém-se em “fase de contenção alargada”, referiu ontem Marta Temido, em declarações aos jornalistas. A ministra da Saúde apelou para uma “utilização criteriosa dos equipamentos de proteção individual”, notando que “não são todas as pessoas que precisam de máscaras”.

Recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS)

  • Caso apresente sintomas de doença respiratória, as autoridades aconselham a que contacte a Saúde 24 (808 24 24 24). Caso se dirija a uma unidade de saúde deve informar de imediato o segurança ou o administrativo.
  • Evitar o contacto próximo com pessoas que sofram de infeções respiratórias agudas; evitar o contacto próximo com quem tem febre ou tosse;
  • Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto direto com pessoas doentes, com detergente, sabão ou soluções à base de álcool;
  • Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir;
  • Evitar o contacto direito com animais vivos em mercados de áreas afetadas por surtos;
  • Adotar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo);
  • Seguir as recomendações das autoridades de saúde do país onde se encontra.

"O vírus está na Europa. Devemos adaptar agora as nossas medidas", afirmou o ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, ao chegar a Bruxelas para uma reunião de ministros da Saúde da União Europeia (UE) para debater maneiras de conter a propagação.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu que muitos países não estão a levar suficientemente a sério a epidemia de coronavírus, que mantém a sua trajetória de propagação em todo planeta. "Isto não é um exercício. Não é o momento de abandonar, não é o momento de procurar desculpas, é o momento de ir a fundo", criticou o diretor-geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Governo vai reforçar capacidade de resposta do SNS24

O Centro de Contacto SNS 24 vai reforçar a sua capacidade de resposta, quer ao nível recursos humanos, quer ao nível da melhoria de procedimentos internos, informou ontem o Governo.

Em nota enviada às redações, o Ministério da Saúde informa que "o objetivo é diminuir o tempo de espera, reencaminhando os utentes para os canais digitais do SNS 24 e da Direção Geral de Saúde (DGS), nos casos em que os contactos não são para a obtenção informação clínica sobre o novo coronavírus".

O Centro de Contacto SNS 24 vai reforçar a capacidade de resposta, quer ao nível recursos humanos, quer ao nível da melhoria de procedimentos internos, informou esta sexta-feira, o gabinete da ministra da Saúde, Marta Temido.

As novas medidas "visam melhorar a qualidade de serviço no SNS 24 que funciona, nesta fase de contenção, como um centro de triagem para COVID-19".

Vírus continua a alastrar

O número de pessoas infectadas pela COVID-19 no mundo chegou a 104.901, com 3.556 óbitos, em 95 países e territórios, aponta um balanço feito pela AFP este sábado, com base nos últimos dados de fontes oficiais.

Desde sexta-feira, às 14h, foram diagnosticados 4.059 novos casos de contágio e registadas 100 mortes.

A epidemia de Covid-19, surgida no final do ano, na China, provocou já mais de 3.500 mortos entre mais de 101 mil pessoas infetadas em pelo menos 94 países.

Com base no número mundial de infetados, a taxa de letalidade é de 3,4%, sendo que até ao momento a maioria já recuperou.

Veja em baixo o mapa interativo com os casos de coronavírus confirmados até agora

Se não conseguir ver o mapa desenvolvido pela Universidade Johns Hopkins, siga para este link.