O confinamento foi decretado há uma semana, no entanto, as autoridades reportaram 4.207 casos de novas infecções.

O pico de 23 a 25 de março?

Na Universidade de Génova (norte), uma equipa de especialistas em contágio e ciência da computação desenvolveu um modelo que, segundo eles, até agora demonstrou a sua fiabilidade na evolução do COVID-19, "com uma margem de erro aceitável".

Prevê que, em termos de novos casos diários, o pico da epidemia em Itália será entre 23 e 25 de março, embora a altura desse ponto e a sua subsequente evolução dependam do comportamento dos italianos.

Ao decretar na noite de 11 de março o confinamento total do país até 25 de março, o chefe de governo Giuseppe Conte havia estimado em "duas semanas" o tempo necessário para que as medidas mostrassem um primeiro resultado.

"Atingir o pico não significa que saímos da emergência, mas apenas que a epidemia começou a desacelerar e que, alguns dias depois, atingiremos o ponto de saturação das unidades de cuidados intensivos, com desequilíbrios regionais significativos", explica Flavio Tonelli, professor de simulação de sistemas complexos da Universidade de Génova, que participou na elaboração do algoritmo.

Entre 25 de março e 15 de abril?

O Conselho Nacional de Pesquisa (CNR, na sigla em italiano) prevê uma "redução significativa" na taxa de crescimento de casos positivos em seis ou sete dias na Lombardia, a região mais afetada de Itália com mais de 1.600 mortes e confinada desde 8 de março.

Observando que um aumento de casos está a ocorrer nas regiões do sul, onde muitos italianos do norte saíram após o anúncio das medidas de contenção, o CNR estimou em comunicado divulgado na terça-feira que a estabilização do número de pessoas infectadas "acontecerá entre 25 de março e 15 de abril".

"Estas estimativas estão sujeitas a uma grande incerteza devido a vários fatores em jogo e devem ser permanentemente recalibradas com base nos dados disponíveis e nas mudanças de comportamento das pessoas como resultado de decretos do governo", analisa o CNC.

Para o físico Giorgio Sestili, "há uma grande incerteza. Algumas análises falam de um pico entre 25 de março e 15 de abril, mas ainda existem muitas variáveis que devem ser tidas em consideração. É muito importante continuar o confinamento total e evitar os focos no centro e no sul", explicou esta quarta-feira ao jornal Avvenire.

A bola de cristal

Segundo o diretor do Departamento de Doenças Infecciosas do Instituto Superior de Saúde, Giovanni Rezza, "falar sobre o pico da epidemia ao nível nacional não faz sentido".

"Temos que ver de que parte de Itália estamos a falar, porque na Lombardia estamos muma situação de incidência máxima nas áreas de Brescia e Bergamo, enquanto o pior já aconteceu na região de Lodi (primeiro foco da epidemia na Itália" )", explicou na Radio Capitale na terça-feira.

"É impossível fazer previsões porque a epidemia está a crescer em lugares diferentes", acrescentou, ressaltando que "a fuga de dezenas de milhares de pessoas para o sul poderia causar um aumento no número de casos esta semana".

Igualmente prudente, o epidemiologista da Universidade de Pisa (Toscana), Pierluigi Lopalco, considera que "aqueles que dizem que teremos um desvio da curva de casos após 25 de março, 6 de abril ou 15 de maio têm um bola de cristal".

"Os modelos de previsão COVID-19 são como as previsões do tempo. Funcionam 24 horas antes; são bons em 48 horas, mas não são confiáveis após 72 horas", afirmou no Twitter.

Idade média de mortos por coronavírus em Itália é de 79,5 anos

A média de idade das pessoas que morreram em Itália pelo COVID-19 é de 79,5 anos e os homens representam 70% dos mortos, anunciou o Instituto Superior de Saúde (ISS), que publica regularmente as suas estatísticas.

Numa amostra de 2.003 mortes, das 2.503 que o país registou até terça-feira, 707 estavam na faixa etária de 70 a 79 anos, 852 na faixa de 80 a 89 anos e 198 têm mais de 90 anos, de acordo com uma declaração da ISS.

"Dezessete pessoas com menos de 50 anos de idade positivas para a COVID-19 morreram. Em particular, cinco delas tinham menos de 40 anos, todas do sexo masculino, entre 31 e 39 anos, com sérias patologias anteriores", afirma o ISS.

Das dez patologias mais comuns observadas em pessoas falecidas, as mais frequentes são hipertensão, diabetes e cardiopatia isquémica.

A ISS afirma que 48,5% das pessoas mortas apresentavam três ou mais dessas patologias e 25,6% apresentavam duas patologias. Apenas 0,8% das pessoas, três no total, não tinham nenhuma patologia, segundo a mesma fonte.

Segundo o mesmo estudo, o tempo médio entre o aparecimento dos primeiros sintomas e a morte é de oito dias, enquanto os sintomas mais frequentes são febre (77% dos casos), falta de ar (74%) e tosse. (42%)

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