O apelo surge depois de alertas lançados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em relação ao ibuprofeno e uma eventual relação com o agravamento da infeção por COVID-19.

Depois de declarações do ministro francês da Saúde no mesmo sentido, a OMS apelou na terça-feira para que as pessoas que apresentassem sintomas como os da COVID-19 como febre e tosse seca não tomassem ibuprofeno sem prescrição médica, privilegiando o paracetamol. 

Recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS)

  • Caso apresente sintomas de doença respiratória, as autoridades aconselham a que contacte a Saúde 24 (808 24 24 24). Caso se dirija a uma unidade de saúde deve informar de imediato o segurança ou o administrativo.
  • Evitar o contacto próximo com pessoas que sofram de infeções respiratórias agudas; evitar o contacto próximo com quem tem febre ou tosse;
  • Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto direto com pessoas doentes, com detergente, sabão ou soluções à base de álcool;
  • Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir;
  • Evitar o contacto direito com animais vivos em mercados de áreas afetadas por surtos;
  • Adotar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo);
  • Seguir as recomendações das autoridades de saúde do país onde se encontra.

O ibuprofeno é um anti-inflamatório largamente utilizado quando há sintomas como febre associada a dor, ainda que seja acusado de agravar riscos de complicações infecciosas graves e agora também suspeito de agravar a infeção pelo novo coronavírus.

No entanto, a EMA não acompanha esse entendimento, ressalvando que não existe evidência científica nesse sentido.

“Em primeiro lugar, um tratamento contra a febre e a dor no quadro da COVID-19, os pacientes e cuidadores devem considerar todas as opções, nas quais o paracetamol e os anti-inflamatórios não esteroides (como o ibuprofeno) devem ser considerados”, refere a agência.

A EMA acrescenta que “não há, atualmente, nenhuma prova científica que estabeleça uma ligação entre o ibuprofeno e o agravar da COVID-19”, afirmando também que vai estudar todas as novas informações que surjam.

A agência insiste ainda na situação dos pacientes sujeitos a tratamentos de longa duração com ibuprofeno.

“Não há atualmente nenhuma razão para os pacientes a tomar ibuprofeno interromperem o seu tratamento (…). É particularmente importante para os pacientes a tomar o ibuprofeno ou outros anti-inflamatórios não esteroides contra as doenças crónicas”, refere o comunicado citado pela AFP.

A EMA refere que lançou em maio de 2019 um inquérito sobre o uso de ibuprofeno, depois de um relatório da agência do medicamento francesa que sugeria que certas doenças como a varicela seriam agravadas pelo ibuprofeno, e do qual ainda não são conhecidas as conclusões.

Vários responsáveis de saúde pública e cientistas alertaram nos últimos dias contra a toma de ibuprofeno, numa altura em que a epidemia de Covid-19 se propaga a grande rapidez.

O sistema de saúde público britânico, ainda que ressalvando que não existem “provas significativas” de contraindicações do ibuprofeno, recomendou igualmente o paracetamol contra os primeiros sintomas.

Tal como a EMA, também o sistema de saúde britânico sublinhou que “parar ou mudar de medicamento em caso de doença crónica, sem conselho apropriado, pode ser perigosos”.

Em Portugal, o Infamed e a Direção-Geral da Saúde emitiram comunicados a realçar a ausência de evidência científica a relacionar a toma de ibuprofeno com o agravamento da infeção de Covid-19.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde confirmou hoje 642 casos de infeção.

Até ao momento a doença já provocou dois mortos em Portugal.

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