“São regras que ajudam a minimizar o risco sem coartar o desenvolvimento normal deste grupo. Estamos a entrar num novo tipo de normalidade. Creio que não vai ser difícil para as instituições cumprirem estas indicações. [As crianças] vão brincar como é óbvio (…). Não há risco zero, mas [as regras] minimizam”, afirmou Graça Freitas.
A diretora-geral da saúde, que falava aos jornalistas na conferência de imprensa diária de ponto de situação sobre a pandemia de covid-19 em Portugal, foi confrontada com a onda de críticas que tem surgido sobre as condições de reabertura das creches e com facto de especialistas alertarem para o impacto das restrições no desenvolvimento das crianças.
“A DGS [Direção-Geral da Saúde] emitiu um conjunto de boas práticas. Foram feitas conjuntamente com o Ministério do Trabalho, Solidariedade e da Segurança Social e outros parceiros. Tentamos conciliar o melhor de dois mundos. Permitir atividades lúdicas aos meninos com regras”, disse Graça Freitas.
A diretora-geral da Saúde enumerou algumas regras como retirar das salas todo o material que estiver lá e não seja usado como brincadeira, lavar e desinfetar brinquedos com frequência e a proibição das crianças levarem para zás creches brinquedos de casa.
Outra recomendação destacada por Graça Freitas tem a ver com a hora da sesta, altura na qual a DGS quer que as crianças sejam deitadas “com distância entre as cabeças” de “cerca de metro e meio” para, disse a diretora-geral, “minimizar o risco de transmissão de gotículas”.
“E como é que se torna simples fazer isso? Deitando um menino com a cabeça para um lado e o seguinte ao contrário, ou seja, com os pés para o lado oposto à cabeça do primeiro”, descreveu.
Graça Freitas também recomenda que a mesma educadora esteja alocada ao mesmo número de meninos e frisou: “Isto é para permitir todas as atividades para o desenvolvimento harmonioso e manutenção dos afetos, mas com regras”.
Quanto a situações de infeção, a diretora-geral da saúde admitiu que poderão surgir casos, até porque, recordou, “muitas crianças são infetadas por um adulto com o qual privam, na família por exemplo”.
“Se esse adulto for detetado, obviamente esta criança é colocada em isolamento para que não transmita a doença, mesmo que assintomática”, apontou Graça Freitas.
Questionada sobre o ponto de situação de testes à comunidade das creches, nomeadamente educadores e funcionários, a diretora-geral da Saúde disse que “há regiões do país onde a situação está mais adiantada”, mas não revelou números porque o rastreio, concluiu, “ainda não terminou”.
As creches e as amas devem reduzir o número de crianças por sala para maximizar o distanciamento entre elas, mas sem comprometer o normal funcionamento das atividades lúdico-pedagógicas, segundo uma orientação da Direção-Geral da Saúde (DGS) hoje publicada.
Para evitar o cruzamento entre pessoas, a orientação estabelece também a definição de horários de entrada e de saída desfasados e a definição de circuitos de entrada e saída da sala de atividades para cada grupo.
Estas são algumas das medidas de prevenção e controlo a adotar em creches, creches familiares e amas, em contexto de pandemia de covid-19, que constam da orientação.
A DGS refere que a orientação foi discutida com os parceiros do setor.
Antes da abertura prevista para 18 de maio, todos os espaços devem ativar e atualizar os seus planos de contingência, os quais devem contemplar os procedimentos a adotar perante um caso suspeito de covid-19 e a definição de uma área de isolamento.
Segundo a orientação, “os responsáveis pelas creches, creches familiares e amas devem garantir uma redução do número de crianças por sala de forma a que seja maximizado o distanciamento entre as mesmas, sem comprometer o normal funcionamento das atividades lúdico-pedagógicas”.
Portugal regista hoje 1.175 mortes relacionadas com a covid-19, mais 12 do que na terça-feira, e 28.132 infetados, mais 219, segundo o boletim epidemiológico divulgado hoje pela Direção Geral da Saúde.
Em comparação com os dados de terça-feira, em que se registavam 1.163 mortos, hoje constatou-se um aumento de óbitos de 1,03%.
Portugal entrou no dia 03 de maio em situação de calamidade devido à pandemia, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.
Esta nova fase de combate à covid-19 prevê o confinamento obrigatório para pessoas doentes e em vigilância ativa, o dever geral de recolhimento domiciliário e o uso obrigatório de máscaras ou viseiras em transportes públicos, serviços de atendimento ao público, escolas e estabelecimentos comerciais.
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