“Esta é uma questão que requer uma avaliação cuidadosa do nosso lado e é uma questão na qual os detalhes contam, pelo que a presidente [da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen] solicitou ao comissário Hogan um relatório completo […], recebeu-o na noite passada e vai agora analisá-lo”, declarou a porta-voz do executivo comunitário Dana Spinant.
Questionada na conferência de imprensa diária da instituição, em Bruxelas, sobre o polémico jantar organizado na passada quarta-feira à noite por uma sociedade de golfe, que juntou a elite política irlandesa, a porta-voz notou que Ursula von der Leyen “pediu mais detalhes [sobre o caso] porque os pormenores são importantes”.
“Vamos analisar o que ele [comissário Hogan] partilhou connosco antes de fazermos uma avaliação”, reforçou Dana Spinant.
A porta-voz recordou ainda que, segundo as normas comunitárias, “o mandato de um comissário europeu pode terminar devido à sua demissão ou quando ele é obrigado pela presidente a resignar”.
Em causa está um escândalo político que já levou à demissão do ministro da Agricultura irlandês, na sexta-feira, depois de ter sido divulgada a sua presença num jantar, dois dias antes, com mais de 80 pessoas, oferecido pelo clube de golfe do parlamento, que violou as restrições ligadas à covid-19.
Dara Calleary, no cargo há apenas um mês, esteve na festa realizada num hotel, com muitas outras figuras políticas, como foi o caso do comissário europeu para o Comércio, o irlandês Phil Hogan.
No domingo, o primeiro-ministro da Irlanda anunciou iria convocar o Parlamento para discutir um jantar que violou as restrições instauradas contra a pandemia, pedindo ao comissário europeu para o Comércio, Phil Hogan, para considerar a demissão.
O primeiro-ministro e o vice-primeiro-ministro, líder do Fine Gael, partido pelo qual Phil Hogan foi deputado, disseram que “falaram com o comissário Hogan” e lhe pediram “que assumisse as suas responsabilidades”.
Eleito para o Parlamento irlandês de 1987 a 2014 e ministro do Ambiente entre 2011 e 2014, Phil Hogan admitiu ter participado no evento, garantindo no entanto que acreditava “que os organizadores e o hotel em questão [...] cumpririam as recomendações governamentais” para prevenir a propagação da COVID-19.
As autoridades irlandesas decidiram na passada terça-feira alargar as restrições às reuniões de pessoas para fazer face a um aumento do número de infetados com o novo coronavírus.
De acordo com as novas regras, as reuniões em espaços fechados só podem juntar um máximo de seis pessoas (até terça-feira eram 50) e em espaços abertos um máximo de 15 (eram 200), com exceção de serviços religiosos, como missas ou casamentos.
De acordo com o jornal Irish Examiner, durante o jantar, os convidados foram divididos em duas salas com menos de 50 pessoas, mas ficaram pelo menos 10 em cada mesa.
Além disso, a divisão entre as duas salas foi removida durante os discursos, segundo acrescentou o jornal Irish Times.
Em comunicado enviado um dia depois à imprensa, o primeiro-ministro irlandês considerou que o jantar não deveria ter-se realizado.
Antes, no dia 15 de agosto, a presidente da agência responsável pela promoção do turismo na Irlanda, Catherine Martin, demitiu-se depois de ser revelado que foi de férias para Itália, apesar dos apelos para que as viagens sejam feitas apenas dentro do país.
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