O Governo avançou hoje que Beja vai prosseguir para a nova fase, ao contrário do que na quinta-feira foi anunciado, depois de a Direção-geral da Saúde (DGS) ter retificado a incidência cumulativa da covid-19 a 14 dias por 100.000 habitantes no concelho para o período de 31 de março a 13 de abril de 2021.
“No fundo foi o reconhecimento de um lapso e os lapsos acontecem. Quando acontecem, repõe-se novamente a verdade e foi o que aconteceu. Estamos muito satisfeitos pelos nossos operadores, comerciantes, pela nossa população e também pelo facto de a Direção-Geral da Saúde ter reconhecido que errou”, disse Paulo Arsénio (PS) à agência Lusa.
Na quinta-feira, o presidente da Câmara de Beja tinha contestado a inclusão do seu município no conjunto de sete concelhos que não avançam para a próxima fase de desconfinamento e pediu explicações à DGS sobre essa decisão.
Hoje, em declarações à Lusa, o autarca disse que os "erros acontecem", a situação foi reposta e está de acordo com a realidade sanitária do concelho.
“Ontem [quinta-feira], o município de Beja viu-se muito surpreendido e quase incrédulo quando fomos incluídos na lista dos sete concelhos que, não recuando, ainda assim não seguiam para a fase seguinte do desconfinamento, porque era nosso entendimento, com os dados de que dispúnhamos e depois de entrar em contacto com a autoridade pública de saúde local, que Beja entre o dia 31 março e 13 de abril tinha uma incidência de 107 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias”, destacou.
Paulo Arsénio lembrou que o concelho transitava da quinzena anterior com 134 casos por 100 mil habitantes.
“Tínhamos a perfeita noção de que, se tivéssemos novamente acima de 120, ficaríamos nos concelhos que não avançariam. Houve um comportamento muito responsável da população nesta última quinzena e seria injusto que por um erro numérico, que se verificou algures numa contagem errada, os operadores económicos do concelho fossem severamente prejudicados depois de três meses de paragem por mais 14 dias”, disse.
O autarca recordou que muitos estabelecimentos estão fechados há três meses ou a trabalhar de forma muito condicionada e esta retificação vai permitir uma maior abertura com todas as condições de segurança.
“Seria muito injusto que num município que tem apenas 24 casos ativos neste momento, não tem qualquer surto, não tem uma única pessoa nos cuidados intensivos, os pequenos cafés e restaurantes das aldeias onde há muitos meses não se encontra nenhum caso ficassem fechados e grandes centros comerciais das cidades abrissem”, disse.
Paulo Arsénio espera agora que a população continue a comportar-se como tem vindo a fazer e que Beja, em conjunto com todo o país, “possa fazer um percurso de ajuda à economia e de salvaguarda da saúde pública simultaneamente”.
A DGS informou hoje que a incidência cumulativa a 14 dias em Beja é de 107 casos por 100.000 habitantes, abaixo do limite dos 120 casos por 100.000 habitantes.
Nas medidas anunciadas pelo Governo na quinta-feira, Beja estava incluída nos concelhos que não vão passar à fase seguinte do desconfinamento que se inicia na próxima segunda-feira, por terem "duas avaliações sucessivas em situação de risco".
Com a saída de Beja do grupo, não prosseguem para a nova fase seis concelhos, com duas avaliações sucessivas de mais de 120 casos por 100 mil habitantes, mantendo as restrições atualmente em vigor.
São eles Alandroal, Albufeira, Carregal do Sal, Figueira da Foz, Marinha Grande e Penela.
Além destes, os concelhos de Moura, Odemira, Portimão e Rio Maior vão regressar na segunda-feira às regras que vigoravam no continente português no início do processo de desconfinamento em curso, iniciado em 15 de março.
A generalidade dos restantes concelhos do continente seguem em frente para a terceira de quatro fases previstas pelo Governo.
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