Ainda precisa dos tubos e cabos que lhe permitiram escapar da morte. Está entre os primeiros casos de COVID-19 na Alemanha e do foco inicial que surgiu em fevereiro na região de Heinsberg, oeste do país.

O hospital universitário de Aachen adaptou-se rapidamente à chegada dos pacientes, assim como o sistema de saúde alemão.

Hoje, pelo menos 11.000 camas da UCI continuam livres, enquanto em outros países, como França e Itália, registam problemas.

Alemanha tornou-se num modelo para a Europa peka sua maneira de tratar a pandemia, com uma taxa de mortalidade de 2,9%.

Em Aachen, a UCI da clínica não está saturada e nunca se aproximou da sobrecarga.

Num corredor da Unidade de Cuidados Intensivos, com 17 camas, homens e mulheres estão adormecidos, incapazes de sobreviver por conta própria. Em muitos casos, o coronavírus afetou os pulmões, mas também outros órgãos.

A equipa médica, no meio dos bipes incessantes das máquinas, trabalha com corpos conectados a cabos. Para fazer isso, os profissionais precisam de se proteger com máscaras, luvas e trajes especiais.

"Faz parte do nosso dever, somos necessários e respondemos", afirma Kathi, uma enfermeira.

"É importante que a UCI não esteja associada apenas à morte e às máquinas", declara Gernot Marx, diretor do departamento.

"Devolvemos a vida à maioria dos pacientes graças ao número de máquinas, mas também graças às pessoas que trabalham e se dedicam", completa.

"Sem o envolvimento dos profissionais de saúde, não acredito que ainda estaria aqui", afirma Hamacher.

"Começou lentamente", com alguns pacientes, recorda Marx. "Percebemos que deveríamos aproveitar o tempo para nos prepararmos, porque as imagens que vinham de Bérgamo (em Itália) assustaram-nos", completa.

Em poucos dias, o número de camas na UcI passou de 96 a 136. Outros 70 podem ser mobilizados rapidamente.

O hospital tem neste momento 51 pacientes infectados, 35 deles na UCI.

Martina Hamacher recorda que tudo começou como "uma gripe, com um pouco de febre". Mas rapidamente a situação tornou-se grave.

"Nunca vivi algo assim, o sentimento de não conseguir respirar... É impossível descrever, ficará para sempre  na minha cabeça.

"Nos pacientes afetados pela COVID-19, temos longos períodos de ventilação mecânica e sim salva vidas, num primeiro momento os pulmões são danificados", explica a dra. Anne Brücken à AFP.

Depois de várias semanas de assistência respiratória, "os pacientes não conseguem sair dos respiradores facilmente". O processo dura uma ou duas semanas e tem o objetivo de reduzir progressivamente a dependência das máquinas.

"Quanto mais tempo dura a ventilação, mais tempo se enfraquecem os músculos que utilizamos normalmente para respirar e, às vezes, é necessário aprender novamente a engolir", explica a médica.

Depois os pacientes seguem para centros de recuperação por várias semanas.

No seu novo quarto, Martina Hamacher continua proibida de receber visitas e os médicos e enfermeiros usam trajes de proteção.

Apesar das dificuldades, "hoje sinto-me uma rainha, posso dizer que as coisas estão a melhorar", afirma, com um sorriso tímido.

"A vida é boa, o que acontecer a partir de agora eu vou ter que aproveitar", conclui.