O vírus apareceu em dezembro em Wuhan, uma cidade no centro da China na qual 11 milhões de habitantes foram colocados em quarentena desde o final de janeiro.
No entanto, a gravidade da epidemia foi reconhecida publicamente apenas a 20 de janeiro, quando o presidente Xi Jinping pediu para conter a propagação do vírus.
Entre o final de dezembro e meados de fevereiro, o Citizen Lab, um instituto especializado no controlo de informações anexo à Universidade de Toronto, encontrou mais de 500 palavras-chave e frases bloqueadas na plataforma de vídeo YY e na popular aplicação de mensagens WeChat.
Ambas as aplicações chinesas também censuraram as críticas aos líderes chineses sobre a gestão da epidemia.
Mensagens contendo palavras-chave como "pneumonia", "controlo e prevenção de doenças" ou "vírus" foram censuradas no WeChat até 14 de fevereiro, de acordo com testes realizados pelo Citizen Lab.
"Este é um caso único no qual o bloqueio de informações pode potencialmente prejudicar a saúde pública", limitando "a capacidade de os cidadãos serem informados e protegidos", disse à AFP Lotus Ruan, pesquisadora do Citizen Lab.
Alguns termos censurados referiam-se a informações que mais tarde se tornaram oficiais, como o facto de o vírus ser contagioso entre seres humanos.
Em nome da estabilidade, é comum na China que os gigantes da internet eliminem conteúdo considerado politicamente sensível ou indesejável, geralmente descrito como "rumores".
Os médicos de Wuhan que alertaram para o vírus foram acusados pela polícia de espalhar boatos, como Li Wenliang, que morreu em decorrência do vírus no início de fevereiro e cuja morte causou indignação popular.
As críticas que se seguiram contra as autoridades da região de Wuhan, acusadas de abafar as infomações, provocaram a demissão de várias figuras de Estado.
No início de fevereiro, o presidente chinês Xi Jinping pediu um controlo ainda mais rígido das discussões on-line para garantir "energia positiva" e estabilidade no país.
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