De acordo com fontes oficiais e dados divulgados pelos meios de comunicação local, 71% dos médicos internos do país recusaram trabalhar.
Já o vice-ministro da pasta da saúde, Park Min-soo, aponta para 7.813 internos que não compareceram ao trabalho hoje, cinco vezes mais do que no primeiro dia de um protesto que teve início na segunda-feira.
Para o governo da Coreia do Sul, que já ordenou aos médicos o regresso aos hospitais, esta tomada de posição é ilegal.
“O objetivo principal dos profissionais médicos é proteger a saúde e a vida das pessoas, e qualquer ação coletiva que ameace essa missão é injustificável”, disse Park.
Segundo a agência de notícias sul-coreana Yonhap, os cinco principais hospitais do país cancelaram 50% das cirurgias agendadas para hoje.
Um grupo de pacientes que sofrem de doenças graves, incluindo cancro e esclerose lateral amiotrófica, afirmou, em comunicado à AFP, estarem a viver “dias terrivelmente dolorosos”.
Em causa está uma reforma anunciada pelo presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, que visa aumentar o número de estudantes admitidos nas escolas médicas em 65%, ou mais 2.000 pessoas por ano, a partir de 2025.
O governo justifica esta medida como necessária para preparar o país para atender uma população cada vez mais idosa.
Cerca de 44% dos sul-coreanos terão mais de 65 anos em 2050, de acordo com projeções do governo.
A Coreia do Sul tem apenas 2,6 médicos por 1.000 habitantes, segundo a OCDE, em comparação com uma média de 3,7 entre os 37 países membros desta organização de países desenvolvidos.
O governo calcula que faltarão 15 mil médicos para atender às necessidades do país até 2035 se nada for feito.
Mas os médicos opõem-se ao projeto por considerarem que a admissão de mais estudantes nas escolas médicas resultará numa queda no nível profissional dos futuros médicos e que a qualidade dos cuidados será prejudicada.
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