António Lacerda Sales informou que há 39 casos de coronavírus em Portugal e vários casos suspeitos em análise. Das 39 pessoas infetadas, "a maioria está clinicamente estável". Uma mulher "inspira algum cuidado", frisou António Lacerda Sales, Secretário de Estado da Saúde, o que obriga a uma "vigilância clínica mais apertada".
Dos nove novos casos confirmados, sete estão na região norte e dois na região de Lisboa e Vale do Tejo, adiantou a diretora-geral da Saúde Graça Freitas.
Há ainda 339 casos suspeitos e 67 aguardam resultado laboratorial. Segundo a responsável, as "pessoas com doenças respiratórias graves cuja causa não esteja identificada passam a ser testadas", frisando que a partir de agora serão analisados laboratorialmente para o COVID-19 todos os casos de infeções respiratórias graves que não tenham - aparentemente - uma ligação epidemiológica ao novo vírus.
Aos jornalistas, Graça Freitas adiantou que desconhece haver portugueses que não tenham cumprido o isolamento profilático recomendado pela DGS. A diretora-geral da Saúde mostrou-se confiante nas medidas de contenção do surto, mas alerta para a imprevisibilidade do vírus: "até ao momento estamos tranquilos, não quer dizer que amanhã ou dentro de dois ou três dias não possamos estar numa situação semelhante à de Itália". "Não sabemos", frisou.
Questionada sobre as 300 camas de pressão negativa para tratar doentes mais graves, Graça Freitas, disse apenas que se encontram concentradas em grandes hospitais e em hospitais de referência.
Sobre o Plano Nacional de Contingência, publicado no site da DGS, a diretora-geral de Saúde confirmou que está prevista a possibilidade de se adiarem de cirurgias não urgentes para "libertar camas, libertar médicos e libertar enfermeiros", mas que tal aconteceria numa fase de epidemia "completamente diferente daquela em que estamos hoje".
"Muitos doentes (positivos) podem ficar em domicílio, não precisam de camas hospitalares", disse ainda Graça Freitas, sobre uma possível escalada do número de casos.
De acordo com António Lacerda Sales, já foram ativados hospitais de segunda linha. São 11 hospitais - ao todo - as unidades capazes de receber e tratar casos da infeção: Hospital de São João, Hospital de Santo António, Hospital de Braga, Hospital Pedro Hispano, Hospital da Guarda, Hospital Pediátrico de Coimbra, Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, Hospital Dona Estefânia, Hospital Curry Cabral, Hospital de Santa Maria e Hospital de Faro.
"É importante que os portugueses continuem a confiar nas autoridades de saúde portuguesas", afirmou António Lacerda Sales, que sublinhou que o Norte do país é a área mais afetada pelo novo vírus.
Segundo António Lacerda Sales, as autoridades de saúde passarão, a partir de amanhã, a disponibilizar dois momentos informativos diários - um boletim epidemiológico, a ser divulgado durante a manhã, e uma conferência de imprensa a realizar-se ao final do dia.
Todas as escolas de Felgueiras estão encerradas e há outras duas unidades de ensino encerradas na Amadora - a Escola Secundária da Amadora e a Escola Básica 2,3 Roque Gameiro - bem como duas escolas em Portimão - a Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes e a Escola José Buísel, resumiu o secretário de Estado.
Contenção está a funcionar mas todos os cenários são possíveis
Segundo Graça Freitas, a situação em Portugal "está relativamente controlada", uma vez que o país "não tem tido uma explosão de casos positivos" de infeção, pelo que "a contenção está a funcionar".
Apesar disso, a diretora-geral da Saúde frisou que o país tem de estar preparado para enfrentar "todos os cenários", assinalando que "o padrão de disseminação da doença" Covid-19, causada pelo novo coronavírus, "é diferente em diferentes países".
Graças Freitas reiterou, ladeada pelo secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, que as medidas de contenção da propagação do novo coronavírus serão adotadas proporcionalmente ao risco de infeção.
A diretora-geral da Saúde exemplificou que, caso haja um agravamento da situação epidemiológica em Portugal, poderá ser necessário "suspender a atividade clínica não urgente" para libertar mais camas de internamento hospitalar e mais médicos e enfermeiros para cuidarem de doentes com Covid-19.
De acordo com Graça Freitas, o plano nacional de contingência para a COVID-19 estipula que os recursos, como hospitais e laboratórios, e as "reservas estratégicas" de medicamentos e equipamentos de proteção individual sejam adaptados à medida que "a doença evolui, por fases".
Neste contexto, considerou 05 de março (quinta-feira passada) como a "data adequada para abertura de concurso" para compra de material de proteção individual, sublinhando que a aquisição de novos equipamentos vai sendo feita em função da disponibilidade de 'stock' dos fornecedores.
"Não se coloca a questão financeira", assegurou o secretário de Estado da Saúde, afastando a possibilidade de falta de dinheiro do Estado para a compra desse material.
Ameaça de pandemia "real", diz OMS
O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou hoje que a ameaça de uma pandemia “voltou a ser muito real”, depois de o número de casos ter superado os 100.000 contágios em mais de 100 países.
“É preocupante que tantos países tenham sido afetados tão rapidamente, o número de casos mostra que a ameaça de pandemia se revelou muito real, mas esta pode ser a primeira pandemia na história que seremos capazes de controlar”, estimou Tedros em conferência de imprensa.
A OMS declarou a última pandemia global em 2009, com a gripe A. “Não nos preocupa a palavra, mas sim a reação que provoca e queremos que esta seja a de continuar a lutar, não a de abandonar”, afirmou a este respeito o diretor executivo da OMS para Emergências Sanitárias, Mike Ryan.
Mais de 70% das pessoas contaminadas pelo novo coronavírus na China estão curadas, anunciou hoje a OMS, indicando que o gigante asiático “está prestes a controlar a epidemia”. “Em 80.000 casos reportados na China, mais de 70% estão curados”, afirmou o responsável da OMS.
O número de pessoas infetadas desde dezembro pelo novo coronavírus em todo o mundo aumentou para 113.255, das quais morreram 3.964, segundo um balanço feito pela agência noticiosa France Presse (AFP), com dados atualizados às 17h00 de hoje.
Número de mortes em Itália continua a aumentar
As mortes em Itália devido à epidemia do novo coronavírus subiram hoje para 463, um aumento de 97 óbitos relativamente a domingo, referiam os últimos dados divulgados pelo chefe da Proteção civil, Angelo Borrelli. Os casos positivos ascendem aos 7.985, com 724 pessoas que se curaram, com o total de todos os contágios desde o início da crise a atingir 9.172 pessoas.
A grande maioria dos casos de contágio e de falecidos concentra-se na região da Lombardia, onde se registaram 333 falecimentos, seguida da região de Emília-Romanha, com 70 mortes e 1.386 casos positivos. No Veneto foram contabilizados até hoje 20 óbitos e 744 contágios.
Em toda a Itália foram realizadas 35.826 provas de deteção, mais de 20.000 na Lombardia. O grupo etário mais numeroso atualmente nos cuidados intensivos situa-se entre os 50 e os 64 anos.
Nos últimos dias, a Itália tornou-se o caso mais grave de epidemia fora da China, estando neste momento cerca de 16 milhões de pessoas em quarentena no Norte do país.
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Notícia atualizada às 22h10 com mais informações da DGS.
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