O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, pediu esta segunda-feira (9) a todos os italianos para "evitar as deslocações" no território, proibiu as concentrações e decretou o encerramento dos centros educacionais para que permaneçam fechados até 3 de abril para deter a epidemia do novo coronavírus.

Recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS)

  • Caso apresente sintomas de doença respiratória, as autoridades aconselham a que contacte a Saúde 24 (808 24 24 24). Caso se dirija a uma unidade de saúde deve informar de imediato o segurança ou o administrativo.
  • Evitar o contacto próximo com pessoas que sofram de infeções respiratórias agudas; evitar o contacto próximo com quem tem febre ou tosse;
  • Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto direto com pessoas doentes, com detergente, sabão ou soluções à base de álcool;
  • Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir;
  • Evitar o contacto direito com animais vivos em mercados de áreas afetadas por surtos;
  • Adotar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo);
  • Seguir as recomendações das autoridades de saúde do país onde se encontra.

O governo italiano decretou ainda a suspensão do campeonato de futebol, horas após o Comite Olímpico Italiano (Coni) exigir a interrupção de "todas as atividades desportivas em todos os níveis" até 3 de abril contra a progressão do novo coronavírus.

"Não há razão para os jogos e eventos desportivos continuarem e penso no campeonato de futebol. Sinto muito, mas os 'tifosi' precisam aceitar isso", afirmou Giuseppe Conte em conferência de imprensa, sem especificar se a medida afeta os jogos das competições europeias, entre eles o jogo da Juventus na Liga dos Campeões contra o Lyon na próxima semana, o duelo entre Inter de Milão e Getafe da Liga Europa esta quinta-feira e o Roma-Sevilla marcado para 19 de março.

“Não haverá apenas uma zona vermelha. Haverá Itália”, disse Giuseppe Conte aos jornalistas.

Estas novas medidas serão detalhadas num decreto que entrará em vigor na terça-feira em toda a Itália, o segundo país mais afetado depois da China e que vai afetar os 60 milhões de habitantes do país.

Recorde-se que de acordo com as mais recentes informações oficias, o número de mortes em Itália devido à epidemia do novo coronavírus subiram hoje para 463, um aumento de 97 óbitos relativamente a domingo, referiam os últimos dados divulgados pelo chefe da Proteção Civil, Angelo Borrelli.

Os casos positivos ascendem aos 7.985, com 724 pessoas que se curaram, com o total de todos os contágios desde o início da crise a atingir 9.172 pessoas.

A grande maioria dos casos de contágio e de falecidos concentra-se na região da Lombardia, onde se registaram 333 falecimentos, seguida da região de Emília-Romanha, com 70 mortes e 1.386 casos positivos. No Veneto foram contabilizados até hoje 20 óbitos e 744 contágios.

Em toda a Itália foram realizadas 35.826 provas de deteção, mais de 20.000 na Lombardia.

No decurso de uma outra conferência de imprensa, em Milão, o conselheiro de Saúde da Lombardia, Giulio Galera, anunciou mais 76 mortes nessa região, num total de 333.

O número de casos positivos situa-se nos 5.469, um aumento de 1.829 em relação a domingo. Entre eles, estão hospitalizadas 2.802 pessoas, das quais 440 em terapia intensiva, com 646 a receberem alta hospitalar.

Entre outros dados, foi anunciado que na província de Milão existem 504 casos positivos de Covid-19.

Galera voltou a apelar à responsabilidade pessoas para evitar que se propaguem os contágios e explicou que, ao contrário do início da crise, já não são as pessoas mais idosas que podem registar dificuldades graves.

O grupo etário mais numeroso atualmente nos cuidados intensivos situa-se entre os 50 e os 64 anos.

O conselheiro assegurou que estão a desenvolver todos os esforços para aumentar os meios e que foram instaladas mais 250 camas nos cuidados intensivos.

“Nos locais onde as pessoas ficaram em casa, temos visto os resultados”, insistiu.

De acordo com a agência noticiosa AFP, a Europa ultrapassou hoje as 500 mortes relacionadas com o Covid-19, devido aos 97 mortos anunciados pelas autoridades italianas.

A epidemia de Covid-19 foi detetada em dezembro e desde então foram infetadas mais de 110 mil pessoas, mas a maioria já recuperou. A doença provocou até ao momento cerca de 3.800 mortos.

Nos últimos dias, a Itália tornou-se o caso mais grave de epidemia fora da China, estando neste momento cerca de 16 milhões de pessoas em quarentena no Norte do país.

Voos de Portugal com destino a Itália suspensos

Os voos com destino ou origem nas zonas mais afetadas pela epidemia do COVID-19 em Itália estão suspensos, decidiu hoje o Governo português, que recomenda também a suspensão de eventos em espaços abertos com mais de 5.000 pessoas.

A suspensão de todos os voos com destino ou origem nos aeroportos italianos de Milão-Malpensa, Internacional II Caravaggio (Bérgamo) e Internacional Marco Polo, que serve a cidade de Veneza, aplica-se para os aeroportos de Francisco Sá Carneiro, no Porto, Humberto Delgado, em Lisboa, e Internacional de Faro.

Em Portugal há registo de 30 casos confirmados de infeção, segundo o boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS) divulgado no domingo.