18 de julho de 2013 - 00h21

O coordenador do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas apela para o reforço da prioridade às cirurgias ao cancro, através do sistema de financiamento, indicando que sete hospitais estão já a experimentar um novo modelo.

“Tem de ser reforçada a prioridade à cirurgia oncológica”, frisou Nuno Miranda durante a apresentação de um relatório sobre a oncologia em Portugal, que aponta para uma “ligeira diminuição” das cirurgias em 2012.

Apesar de as operações oncológicas já serem mais bem pagas aos hospitais do que as restantes, o responsável disse ser necessário estudar métodos para “não permitir a acumulação de doentes”, sobretudo tendo em conta que o número de tumores vai continuar a crescer.

A aplicação de incentivos à diminuição das listas de espera é um dos exemplos de incentivo à cirurgia oncológica que poderá funcionar, segundo Nuno Miranda, que espera até ao fim do ano discutir estas questões com a Administração Central e dos Sistemas de Saúde.

Desde o início deste ano, sete hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) estão já a testar um novo modelo de financiamento para a área oncológica, que passa por receberem em função do doente, no seu todo, e não por cada ato médico.

“Em vez de financiar o ato médico passamos a financiar um doente no global. É um modelo de financiamento que tende a otimizar o sistema”, adiantou aos jornalistas Nuno Miranda, que sublinha a vantagem de este modelo implicar o imediato registo oncológico de cada doente.

Novo modelo em aplicação

O modelo está, por enquanto, a ser aplicado nos Institutos de Oncologia de Lisboa, Porto e Coimbra, nos hospitais de Évora e de São João, no Porto, e nos centros hospitalares Universitário de Coimbra e de Lisboa Norte.

As patologias abrangidas são o cancro da mama, do colo-retal e o cancro do colo do útero.

Para o secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde, Leal da Costa, apesar de os cortes no orçamento da Saúde para 2014, o que é necessário, em oncologia, “não é gastar mais dinheiro”, mas sim ter um sistema melhor de cooperação entre as unidades de saúde.

“Temos de tentar eliminar os desperdícios na espera. Há momentos de tempo de espera que não são clinicamente úteis”, afirmou.

Sobre os dados do relatório hoje apresentado, o governante considera que “resulta claro que, até 2012”, Portugal teve um nível de resposta “absolutamente inigualável”.

“Pelos vistos, o SNS tem dado muito boa conta de si, mantendo bons níveis de resposta”, declarou.

O aumento significativo expetável dos casos de cancro, o aumento do consumo de medicamento e de sessões de rádio e quimioterapia são algumas das principais conclusões do relatório, que aponta ainda para uma ligeira diminuição das cirurgias oncológicas, em 2012.

O documento mostra ainda que a maioria das operações (mais de 60%) é feita nos grandes centros de tratamento, o que é considerado positivo. Por isso, recomenda que haja maior investimento de recursos humanos nestas grandes unidades.

SAPO Saúde com Lusa