Aos nove anos, Isabel começou a sangrar da vagina. Inicialmente os pais desconfiaram dos primeiros sinais da entrada na puberdade, mas uma hemorragia intensa três anos depois, tinha Isabel 12 anos, culminou com uma ida às urgências hospitalares e o diagnóstico final: cancro da vagina.

O procedimento seguinte, de acordo com os protocolos clínicos, ditava o início de um tratamento de quimioterapia, seguido de cirurgia para remoção da massa tumoral. A cirurgia iria implicar a remoção da vagina, colo do útero e ovários, escreve o jornal El País, o que acarretaria riscos acrescidos para a criança.

A família procurou uma segunda opinião na Clínica MD Anderson em Madrid, uma unidade especializada em oncologia. Em vez de uma cirurgia completa precedida por quimioterapia, a clínica sugeriu um tratamento "tecnicamente mais complexo, mas mais preciso": remover somente a parte afetada, que afinal era apenas o colo do útero, e evitar a quimioterapia.

Ao referido jornal, o médico Javier De Santiago resume as vantagens deste tipo de terapêutica: "Nesta idade, ter-se-ia que ter em conta que a criança ainda estava na puberdade e que a quimioterapia e cirurgia teriam impacto no seu desenvolvimento. Depois, quisemos reduzir os efeitos secundários. Por último, a outra opção iria afetar os seus ovários e a sua capacidade de ser mãe no futuro".

Através de laparoscopia, um procedimento cirúrgico minimamente invasivo realizado sob efeito de anestesia, foi possível retirar o cancro. "O tumor era de quatro centímeros e conseguimos tirá-lo por inteiro", explica o médico Javier De Santiago que adianta que a recuperação é mais rápida.

O especialista em Ginecologia/Obstetrícia destaca o sucesso da operação, mas não quer extrapolar o resultado. "Este foi um caso excepcional por causa da idade da menina, do tipo de cancro e da sua localização, mas o mais importante é que, quando uma mulher ou menina é diagnosticada com cancro, ela deve saber que podem haver várias opções para preservar a sua fertilidade".

Por agora, Isabel terá que ser acompanha a cada três meses em Madrid e se tudo correr bem esse prazo será alargado para intervalos de seis meses algures durante os próximos cinco anos.