A tendência suportada nos casos relatados em Wuhan “apoiam amplamente” os modelos matemáticos que London School of Hygiene & Tropical está a usar para prever a transmissão da epidemia dinâmica, de acordo com os cientistas desta instituição, citados este domingo pela agência de informação financeira Bloomberg.
“Supondo que as tendências atuais se mantêm, estamos a projetar um pico no meio/final de fevereiro” em Wuhan, disse o professor associado de epidemiologia de doenças infecciosas Adam Kucharski na London School of Hygiene & Tropical, citado pela Bloomberg.
Kucharski, que trabalha com análise matemática em surtos de doenças infecciosas, explicou que “há muita incerteza, daí que seja cauteloso em relação a escolher um único valor para o pico, mas é possível com base em dados atuais, ver um pico de prevalência acima de 5%”.
Wuhan, a cidade chinesa onde o vírus 2019-nCoV surgiu no final do ano passado, está de quarentena desde 23 de janeiro, sendo que a movimentação de 11 milhões de pessoas está restringida.
As autoridades de saúde na China e em todo o mundo estão ansiosas à espera de saber se a maior quarentena conhecida no mundo tem a eficácia para conter a pneumonia causada pelo novo vírus em Wuhan e noutras cidades da província de Hubei, região em que vivem 60 milhões de pessoas.
Mapeando o surto de coronavírus em todo o mundo, Kucharski, bem como seus colegas na instituição britânica, basearam os seus modelos num conjunto de hipóteses sobre o vírus 2019-nCoV.
Estas incluem um período de incubação de 5,2 dias, atraso no início dos sintomas para confirmação da infeção de 6,1 dias e o risco de infeção entre as 10 milhões de pessoas que foram identificadas como as mais vulneráveis em Wuhan.
Com base naqueles dados, uma prevalência de 5% equivale a cerca de 500.000 infeções no total. Isto é, muitas vezes mais do que os 14.982 casos, que as autoridades de saúde provinciais tinham reportado em Wuhan até 20:00 de sábado à noite na China.
“As próximas duas semanas são realmente críticas para entender o que está a acontecer”, disse, por sua vez, Benjamin Cowling, chefe de epidemiologia e bioestatística na Universidade de Hong Kong, numa entrevista em Melbourne, na quinta-feira, citada pela Bloomberg.
Vão ser igualmente críticas, alertou, para saber “se o vírus se está a espalhar para outros locais ou se evitámos o que poderia ser uma pandemia global por causa das medidas de controlo adotadas e implementadas até o momento”.
O número de mortes resultante do surto de pneumonia causado pelo novo coronavírus (2019-nCoV) ascende a 813, das quais 811 na China continental, onde o número de infetados ultrapassa os 37 mil.
Nas 24 horas que antecederam o balanço feito este domingo, as autoridades chinesas registaram no território continental 89 mortes e 2.656 novos casos de infeção com o coronavírus detetado em dezembro, em Wuhan, capital da província de Hubei (centro), colocada sob quarentena.
O novo balanço já ultrapassa o da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, na sigla em inglês), que entre 2002 e 2003 causou a morte a 774 pessoas em todo o mundo, a maioria das quais na China, mas a taxa de mortalidade permanece inferior.
Até agora, as duas únicas mortes provocadas pelo novo coronavírus registadas fora da China continental aconteceram nas Filipinas e em Hong Kong.
Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há mais de 350 casos de contágio confirmados em 25 países. Na Europa, o número chegou no domingo a 39, com duas novas infeções detetada em Espanha no Reino Unido.
A Organização Mundial de Saúde (OMS), que declarou em 30 de janeiro uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional, indicou no sábado que os casos de contágio revelados diariamente na China estão a estabilizar, mas sublinhou que era cedo para concluir que a epidemia atingiu o seu pico.
Entretanto, o Banco Central Chinês anunciou este domingo que vai injetar 300 bilhões de yuan (43 mil milhões de dólares) na próxima semana para ajudar as empresas envolvidas na luta contra a epidemia viral.
A epidemia está a paralisar grandes áreas da economia do país e a ameaçá-las de desacelerarem em termos económicos.
O Banco da China vai libertar na segunda-feira a primeira tranche de fundos especiais para ajudar as instituições financeiras a emprestarem a empresas chave envolvidas na prevenção e controlo da epidemia.
O vice-governador do Banco da China, Liu Guoqiang, disse no ‘site’ do supervisor chinês, que nove grandes bancos nacionais, além de bancos locais em dez províncias e cidades, são elegíveis para contrair estes fundos.
Está a falar-se de dez regiões incluem a província de Hubei, o epicentro da epidemia do novo coronavírus, além de Zhejiang, Guangdong, a capital de Pequim e o centro financeiro de Xangai.
“Este impulso financeiro visa ajudar as empresas nacionais e locais”, disse Liu citado pela agência France Presse.
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