A equipa desenvolveu tecidos ósseos com medula óssea funcional que foram preenchidos com células de dadores e implantados sob a pele dos roedores doentes.

As células de dadores sobreviveram pelo menos durante seis meses e deram aos ratos novas células sanguíneas.

Segundo o primeiro autor do estudo, Yu-Ru Shih, o trabalho realizado poderá contribuir para desenvolver melhores tratamentos para as doenças não cancerígenas da medula óssea, como a anemia aplástica (produção insuficiente de células sanguíneas na medula óssea).

Atualmente, antes de receberem um transplante de medula óssea, os doentes são submetidos a radiação, por vezes combinada com medicamentos, para que as suas células estaminais que ainda existam sejam eliminadas.

Este pré-tratamento visa melhorar o sucesso do transplante pela libertação de espaço na medula, permitindo que as células do dador sobrevivam e cresçam sem competir com as células do doente.

Contudo, este tratamento causa, muitas vezes, efeitos adversos como náuseas, fadiga ou infertilidade.

Num comunicado, a Universidade da Califórnia realça que os resultados do estudo são significativos, uma vez que a medula implantada é funcional, as células dadoras podem crescer e sobreviver durante longos períodos de tempo na presença de células hospedeiras e as células hospedeiras e dadoras podem circular entre a medula implantada e o sangue do hospedeiro através da rede de vasos sanguíneos formada no tecido ósseo implantado.

1o mutações genéticas que lhe dão autênticos superpoderes

O grupo de bioengenheiros criou implantes que imitam a estrutura dos ossos longos do corpo, constituídos por um compartimento externo, de osso, e um interno, de medula.

Os implantes são feitos de hidrogel (gel composto por água) e de minerais de fosfato de cálcio. As células estaminais (que dão origem a outras células) cultivadas nestes minerais diferenciam-se em células de formação óssea.

A medula óssea aloja células estaminais que produzem células do sangue.

Quando colocados sob a pele de ratos, os implantes amadurecem em tecidos ósseos (que têm uma rede de vasos sanguíneos) com uma medula óssea funcional que produz novas células sanguíneas.

Ao fim de um mês, os investigadores descobriram que a medula implantada nos roedores continha uma mistura de células sanguíneas do hospedeiro e do dador. A mesma mistura foi detetada passados seis meses.

Numa outra experiência, os cientistas pegaram nas células estaminais da medula óssea implantada e transplantaram-nas num segundo grupo de ratos, cujas células estaminais foram destruídas por radiação e medicamentos, e observaram que as células transplantadas se tinham disseminado na corrente sanguínea dos roedores.