Julho é o mês em que se assinala a consciencialização da importância do Sangue do Cordão Umbilical.
O sangue do cordão umbilical transporta consigo células estaminais hematopoiéticas, com capacidade de reconstituir o sistema sanguíneo do organismo, à semelhança do que acontece com as células da medula óssea utilizadas em tratamentos que requerem um transplante hematopoiético.
O potencial do sangue do cordão umbilical foi descoberto no final da década de 70, e em 1988 realizou-se o primeiro transplante com células estaminais do sangue do cordão umbilical, um transplante realizado entre irmãos para tratar um caso de anemia de Fanconi. Rapidamente se percebeu o valor inestimável do sangue do cordão umbilical, não só pelas células que transporta, mas sobretudo pela capacidade de realização de uma colheita após o parto, sem riscos para o dador, seguida da criopreservação das células estaminais, que ficam, assim, disponíveis no imediato para quem delas necessite.
Desde então, mais de 60.000 adultos e crianças beneficiaram de tratamentos com células estaminais do sangue do cordão umbilical em todo o mundo, no âmbito de mais de 90 doenças em que é necessário reconstituir o sistema sanguíneo e imunitário dos doentes, como leucemias, linfomas, alguns tipos de anemias, entre outras. Além disso, pela diversidade celular que é possível encontrar nesta fonte de células estaminais, está também a ser testada, no âmbito de ensaios clínicos, noutras áreas, nomeadamente em doenças do foro neurológico (como autismo, paralisia cerebral e AVC).
O sangue do cordão umbilical, colhido à nascença e criopreservado em condições adequadas, pode salvar vidas, pelo que, nos Estados Unidos, o mês de julho tem sido dedicado à divulgação deste potencial terapêutico e à sensibilização para a doação destas células após o parto.
Em Portugal, guardar as células estaminais do Sangue do Cordão Umbilical é possível há 21 anos, no entanto apenas 7% das famílias à espera de bebé optam por doar ou guardar este bem único, o que significa que em mais de 90% dos partos ocorridos no nosso país, o sangue do cordão umbilical e todo o seu potencial terapêutico é desperdiçado. Importa por isso sensibilizar e consciencializar as famílias à espera de bebé, de que devem procurar opções para doar o sangue do cordão umbilical dos seus bebés ou, eventualmente, mantê-lo armazenado num banco familiar, para que mais tratamentos se possam realizar com esta fonte de células estaminais.
A doação é totalmente gratuita e pode ser realizada para o Banco Público de Células do Cordão Umbilical, mas também para o banco de tecidos e células da Crioestaminal para que se possam desenvolver mais opções terapêuticas com estas células. Para tal, basta contactar um destes bancos de tecidos e células, preencher a documentação necessária para aferir da elegibilidade da dadora e solicitar o kit de colheita de células estaminais que deverá ser utlizado num dos hospitais autorizados para estas colheitas.
As famílias à espera de bebé podem também optar por guardar as células estaminais do sangue do cordão umbilical para utilização, em caso de necessidade, pelo próprio bebé ou familiares compatíveis. Sabemos que muitas famílias gostariam de fazê-lo mas nem sequer chegam a procurar o serviço por acreditarem que o valor é incomportável. Mas a verdade é que além de haver opções de armazenamento de 25 anos abaixo dos 1500 euros, estão disponíveis possibilidades de pagamentos anuais ou mensais que facilitam o acesso à criopreservação das células estaminais do sangue do cordão umbilical.
As células estaminais do sangue do cordão umbilical constituem uma opção terapêutica validada há mais de 30 anos, que não deve ser desperdiçada.
O maior grupo Europeu na área das células estaminais, o Grupo Famicord, ao qual a Crioestaminal pertence, já contribuiu para o tratamento de mais de 230 crianças com células estaminais do sangue do cordão umbilical, 15 dos quais, realizados em crianças com células guardas no laboratório da Crioestaminal em Cantanhede, tratadas no âmbito de diferentes doenças como a imunodeficiência combinada severa, a anemia aplástica grave, a paralisia cerebral e o autismo.
O inestimável valor do sangue do cordão umbilical
Mónica Brito, Diretora Geral da Crioestaminal
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