Em declarações à agência Lusa, Alberto Caldas Afonso admitiu que “é impossível dar uma estimativa de tempo” para que o projeto esteja no terreno, mas contou que já existem candidatas identificadas.
“Se o programa estivesse aberto já teríamos cinco ou seis candidatas a poder fazê-lo. São jovens adultas que têm problemas de natureza anatómica, seja vaginal, seja no aparelho geniturinário”, descreveu o diretor do CMIN, equipamento hospitalar integrado no Centro Hospitalar Universitário do Porto (CHUPorto) que se dedica à saúde da mulher, criança e adolescente.
Alberto Caldas Afonso referiu que iniciar o transplante de útero é um projeto “ambicioso” e “complexo”, mas avançou que o CMIN “já começou a dar os primeiros passos”, já tem o parecer positivo da administração do CHUPorto e está a preparar uma proposta dirigida ao Centro Nacional de Transplantação, entidade à qual caberá analisar a ideia.
“Queremos ajudar senhoras que querem ter filhos, mas têm uma patologia que não lhes permite. A ideia é utilizar o transplante de útero para possibilitar que alguém possa ter um filho próprio”, disse Alberto Caldas Afonso.
À Lusa, o diretor descreveu o projeto como “pioneiro em Portugal e até na maior parte o mundo” e disse que a formação contínua dos profissionais o CMIN já inclui esta área, porque “quando há um transplante deste género, estes deslocam-se para aprender a técnica”.
“Não é fácil porque não há uma casuística muito grande e há poucos centros a fazer isto, mas estamos esperançados que o projeto seja considerado pelas entidades portuguesas como um projeto útil”, disse o clínico.
Entre outras valências, o CMIN é centro nacional de referência de dador de gâmetas (células responsáveis pela reprodução sexuada) e muito procurado pela consulta que realiza de procriação medicamente assistida.
Neste centro materno infantil nascem por ano entre 3.300 a 3.400 bebés.
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