A iniciativa foi organizada pela enfermeira do hospital São João Áurea Ferreira através das redes sociais e reúne profissionais de vários hospitais e centros de saúde de toda a região. “É uma manifestação pacífica para demonstrar o descontentamento face à atual situação e à forma como os enfermeiros têm sido tratados ao longo dos anos”, afirmou a organizadora do protesto, enfermeira há 22 anos no Hospital de São João do Porto.

Segundo contou à Lusa, no seu serviço, o Bloco Central, a adesão é de “100 por cento”. “Ou seja, nenhuma cirurgia programada está a ser realizada”, sublinhou.

Também de acordo com outros enfermeiros presentes na manifestação, nos Hospitais de Chaves e de Vila Real, por exemplo, a adesão também “ronda dos 100%”.

Os profissionais fazem questão de salientar que este protesto “não é dos enfermeiros especializados, mas sim de todos”. Marcaram também presença nesta concentração de durará até à hora de almoço, profissionais de Bragança, Viana do Castelo e de outros hospitais, para transmitirem a mensagem de que “quem está irregular é o senhor ministro da saúde”.

Medo de represálias

Na Unidade de Saúde Familiar de Ramalde, Porto, os enfermeiros decidiram não aderir à greve, “apenas por medo de represálias”.“Viemos vestidos de negro, todos queiramos fazer greve, mas não queremos correr o risco de apanhar falta disciplinar ou ser despedidos”, afirmou uma das enfermeiras contactadas pela Lusa.

Em seu entender, a greve deveria ter sido desconvocada e remarcada depois de esclarecidas estas dúvidas relativas a eventuais irregularidades. Aí sim, a adesão seria de 100%, sem qualquer dúvida”.

Os enfermeiros iniciaram hoje uma greve que decorrerá até sexta-feira, contra a recusa do Ministério da Saúde em aceitar a proposta de atualização gradual dos salários e de integração da categoria de especialista na carreira.

A greve foi marcada pelo Sindicato Independente dos Profissionais de Enfermagem (SIPE) e pelo Sindicato dos Enfermeiros (SE) para o período entre as 00:00 de hoje e as 24:00 de sexta-feira.

Os enfermeiros reivindicam a introdução da categoria de especialista na carreira de enfermagem, com respetivo aumento salarial, bem como a aplicação do regime das 35 horas de trabalho para todos os enfermeiros, mas a Secretaria de Estado do Emprego considerou irregular a marcação desta greve, alegando que o pré-aviso não cumpriu os dez dias úteis que determina a lei.

Apesar disso, os enfermeiros mantiveram a greve nacional, invocando a recusa do Ministério da Saúde em aceitar a proposta de atualização gradual dos salários e de integração da categoria de especialista na carreira.

Na quinta-feira, os hospitais começaram a receber uma circular da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) sobre este protesto, recordando que o mesmo foi irregularmente convocado e a informar que “eventuais ausências de profissionais de enfermagem neste contexto devem ser tratadas pelos serviços de recursos humanos das instituições nos termos legalmente definidos quanto ao cumprimento do dever de assiduidade”.

A ACSS referia ainda que “devem os órgãos de gestão dos estabelecimentos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e do Ministério da Saúde providenciar para que o normal funcionamento dos serviços e da prestação de cuidados não sejam postos em causa”.