
No estudo em causa, foram analisados os resultados do tratamento de 616 doentes com cirrose hepática. Do total de doentes, 327 receberam células estaminais do sangue do cordão umbilical em conjunto com terapêutica convencional e 289 receberam apenas terapia convencional.
As análises sanguíneas efetuadas revelaram que o grupo que recebeu terapia combinada apresentou uma melhor recuperação da função hepática, relativamente ao grupo que só recebeu terapêutica convencional, expressada por melhorias nos níveis de vários parâmetros utilizados para avaliar a função hepática.
Observou-se ainda uma melhoria significativa do apetite e um alívio da fadiga, distensão abdominal e edemas nos doentes que receberam terapia combinada, em comparação com os tratados apenas com terapia convencional, o que se traduziu numa melhoria da sua qualidade de vida.
"Estes resultados indicam que, em comparação com doentes tratados apenas com terapia de suporte convencional, os que receberam, adicionalmente, células estaminais do sangue do cordão umbilical, exibiram efeitos terapêuticos mais satisfatórios, não se tendo observado efeitos adversos graves decorrentes deste novo tratamento", comenta Bruna Moreira, investigadora da Crioestaminal.
A investigadora acrescenta ainda que “este estudo vem confirmar a segurança e eficácia da terapia com células estaminais do sangue do cordão umbilical em combinação com terapêutica convencional em doentes com cirrose hepática. Esta terapia resultou na melhoria significativa da função hepática e da qualidade de vida, representando, assim, uma opção de tratamento promissora para estes doentes”.
A cirrose hepática é uma doença do fígado que progride, por norma, sem sintomas associados durante os primeiros 10-15 anos e pode provocar graves complicações de saúde. Está geralmente associada à ingestão excessiva de álcool ou a hepatites virais e caracteriza-se pela morte das células do fígado, que são substituídas por tecido fibroso semelhante ao de uma cicatriz. A estrutura do órgão fica, desta forma, alterada, comprometendo a sua função.
Com a melhoria dos cuidados ao doente com cirrose hepática, a taxa de sobrevivência tem vindo a melhorar ao longo dos anos. No entanto, esta ainda constituiu uma das principais causas de morte a nível mundial e a quinta causa de mortalidade precoce em Portugal.
Apesar de a única cura para a cirrose hepática não controlada ser o transplante hepático, a falta de dadores, elevado custo, complicações decorrentes da cirurgia e rejeição imunológica são alguns dos problemas associados.
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