Um estudo, liderado pelo Prostate Cancer UK, revelou dados alarmantes sobre a consciência masculina em relação ao cancro da próstata – uma doença que afeta significativamente a população. Surpreendentemente, dois em cada três homens desconhecem que o cancro da próstata se pode desenvolver sem mostrar sintomas evidentes, aumentando o risco de diagnósticos tardios e de fatalidades desnecessárias.
Mais ainda, 44% dos homens não sabem localizar a próstata, um dado que revela a falta de informação sobre o próprio corpo e saúde. Esta falta de conhecimento contribui para que homens em alto risco adiem exames essenciais, como o simples teste de sangue PSA (Antígeno Específico da Próstata), devido à crença errada de que a dor é um precursor obrigatório para o rastreio.
José Sanches de Magalhães, diretor do Instituto de Terapia Focal da Próstata e clínico no Instituto Português de Oncologia do Porto, realça a importância da literacia em saúde, numa altura em que se assinala o Novembro Azul, o mês dedicado à saúde do homem: “A informação desempenha um papel vital nestas circunstâncias. Observa-se uma notória insuficiência de conhecimentos sobre a próstata e as patologias a ela associadas, o que pode resultar em demoras preocupantes no acesso a auxílio médico. É imperativo que os homens tomem uma atitude proativa em relação à sua saúde e, perante qualquer dúvida ou necessidade de esclarecimento, devem consultar o seu urologista.”
As mulheres, apesar de não possuírem próstata, estão 27% mais informadas sobre os sintomas de alerta para o cancro da próstata nos homens. Além disso, segundo o estudo, 34% dos homens diagnosticados com a doença foram encorajados a procurar uma consulta médica após o incentivo das suas parceiras, e em 35% dos casos, foram as parceiras que os persuadiram a dar esse passo crucial.
Esta dinâmica destaca não só o papel significativo que as mulheres desempenham na saúde dos homens, mas também uma certa relutância por parte do género masculino em procurar ajuda médica. Embora 86% estejam conscientes de que um diagnóstico precoce é vital para salvar vidas, 36% hesitaram antes de procurar aconselhamento profissional. Curiosamente, mais de um terço (39%) dos homens afirmou que necessitava de ver um conhecido enfrentar o diagnóstico de cancro da próstata para se motivar a marcar uma consulta.
Complementando o panorama internacional, a American Cancer Society indica que cerca de um em cada oito homens receberá um diagnóstico de cancro da próstata durante a sua vida. A idade mediana no momento do diagnóstico situa-se nos 66 anos, sendo que aproximadamente 60% dos casos são identificados em homens com idade igual ou superior a 65 anos.
José Sanches de Magalhães esclarece: “Recomenda-se que o rastreio do PSA e a avaliação prostática por toque retal sejam realizados anualmente entre os 55 e os 70 anos de idade. Para homens com elevado risco, em particular aqueles com antecedentes familiares de cancro da próstata, o rastreio deve começar mais cedo, aos 45 anos de idade.
É crucial que todos se mantenham atentos a qualquer mudança ou irregularidade no corpo, dando particular atenção aos seguintes sintomas:
- Formação de massa ou alterações tácteis como um espessamento ou nódulo;
- Emergência de uma nova mancha ou mudanças evidentes numa mancha pré-existente;
- Feridas persistentes que não cicatrizam adequadamente;
- Rouquidão ou uma tosse persistente que não resolve com o tempo habitual;
- Modificações importantes nos hábitos intestinais ou urinários;
- Desconforto contínuo após as refeições;
- Dificuldade notória para deglutir;
- Variações de peso inexplicáveis, quer seja um aumento ou uma perda;
- Ocorrência de hemorragias ou qualquer tipo de secreção atípica;
- Sentimento de fadiga intensa ou uma fraqueza desproporcional que não é justificada por esforço ou atividade recente.
A vigilância e o reconhecimento precoce destes sinais podem ser essenciais para a deteção atempada de várias condições de saúde, incluindo o cancro. Este afeta a glândula prostática e pode desenvolver-se de maneira não controlada. Enquanto alguns tumores crescem rapidamente e se espalham, outros crescem de forma tão lenta que nunca chegam a necessitar de tratamento, que varia consoante o estado de desenvolvimento do cancro e as necessidades do indivíduo, podendo incluir cirurgia, radioterapia ou terapias focais.
José Sanches de Magalhães, pioneiro no tratamento do cancro da próstata em Portugal com a técnica inovadora do NanoKnife, sublinha a importância da consciencialização e do diagnóstico atempado. "O conhecimento adequado e a identificação precoce do cancro podem abrir portas para um leque mais vasto de opções terapêuticas e a consequente melhoria dos prognósticos", adverte o especialista.
O NanoKnife representa uma abordagem vanguardista no tratamento do cancro da próstata, consistindo numa técnica minimamente invasiva que, através da combinação de imagens de ressonância magnética e ecografia, permite a destruição precisa das células cancerígenas. Este procedimento tem a vantagem de minimizar os danos aos tecidos saudáveis circundantes e de preservar a funcionalidade da próstata.
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