A Fundação Bial vai lançar "um novo pacote de bolsas" de apoio à investigação científica nas mesmas áreas que as anteriores, anunciou na quarta-feira à noite o seu presidente, na abertura do 9.º Simpósio Aquém e Além do Cérebro, no Porto.

Luís Portela referiu que, entre 1994 e 2010, "a Fundação apoiou 387 projetos, envolvendo 1.267 investigadores de 27 países".

Os projetos apoiados representam "32 por cento" dos que foram candidatados e "tem crescido a sua qualidade".

"Os cientistas e investigadores que temos apoiado têm vindo, de uma forma crescente, a publicar trabalhos com resultados simpáticos e em bons sítios, em revistas como a Brain ou a Science", disse à Agência Lusa.

A Fundação Bial é o resultado de uma parceria entre o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas e os Laboratórios Bial, que hoje dividem a sua atividade industrial entre a Trofa e Bilbau, em Espanha.

Luís Portela adiantou que a empresa a que também preside "está bem".

"Os nossos projetos de investigação estão a correr francamente bem, mas tiveram que ser um bocadinho atrasados, porque as medidas restritivas em Portugal têm sido muito duras", salientou.

O responsável, reafirmou que, devido a essas restrições, o novo medicamento que a Bial previa lançar, "um antiparkinsoniano", foi adiado para o "final de 2014".

"Devia ser este ano, mas teve que ser adiado, porque quando não há dinheiro tem que se atrasar as coisas", resumiu.

Luís Portela afirmou que, desde 2003 e até hoje, "Portugal tem tomado medidas muito duras na área do medicamento" e isso reduziu muito a capacidade de investimento da empresa.

Ainda assim, realçou que a empresa "tem crescido a dois dígitos" em Espanha, África América Latina e "isso tem compensado" as dificuldades sentidas a nível interno.

O 9.º Simpósio Aquém e Além do Cérebro, que decorrerá até ao próximo sábado, é dedicado ao tema "sono e sonhos", visando esclarecer questões como: "Porque se dorme? O que se passa no corpo humano quando se dorme? Qual a influência do sono (ou sua ausência) na sociedade? Porque se sonha? ou "O que representam os sonhos?".

A sessão inaugural contou com uma intervenção de Allan Hobson, professor jubilado de psiquiatria da Harvard Medical School, nos EUA, sobre as suas investigações e a teoria da protoconsciência.

No último dia, a investigadora Teresa Paiva intervirá sobre o tema "relações mútuas entre sono, sonho em sociedade" e irá observar que "as influências sociais representam um impacto importante na redução do sono, no agendamento e organização do trabalho, com consequências dramáticas" na saúde e esperança de vida.

29 de março de 2012

@Lusa