20 de março de 2013 - 14h30
O bem-estar da população portuguesa está abaixo da média dos 36 países analisados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) para elaborar o primeiro estudo sobre o tema e que foi esta quarta-feira divulgado.
Apesar de ter feito “progressos significativos” nos últimos anos para modernizar a economia e melhorar o nível de vida dos cidadãos, a crise financeira global “enfraqueceu este crescimento”, refere o estudo
Portugal tem apenas um “desempenho moderado” na maioria das medidas que levam ao bem-estar da população, ficando abaixo ou, quando muito, perto da média dos vários países.
De acordo com o documento, denominado “Índice de Melhoria da Vida”, o bem-estar abaixo da média em Portugal deve-se, por um lado, ao facto de os portugueses ganharem menos que os europeus em geral.
Dinheiro não compra felicidade, mas ajuda
“O dinheiro, embora não compre felicidade, é um meio importante para melhorar o nível de vida”, admitem os analistas da OCDE, adiantando que os trabalhadores portugueses ganham menos cerca de 4 mil euros anuais que a média (22,4 mil euros) dos países analisados.
Ainda assim, adianta o estudo, existe “uma diferença considerável” entre os mais ricos e os mais pobres e Portugal, já que os 20% mais endinheirados ganham seis vezes mais do que os 20% mais pobres.
Já em termos de emprego da população, o cenário é melhor, porque a taxa de empregados está em linha com a média da OCDE.
Mais de 66% dos portugueses entre os 15 e os 64 anos têm trabalho, sendo que o horário de trabalho soma 1714 horas por ano, ou seja, ligeiramente menos que a média da OCDE, que atinge as 1749 horas.
Outra das variantes analisadas no estudo é a educação, considerada um requisito muito importante para obter um emprego.
De acordo com o índice, 30% dos adultos portugueses com idade entre os 25 e os 64 anos chegaram ao final do ensino secundário, o que fica muito abaixo da média de 74% registada na OCDE.
Esta discrepância é mais evidente ainda quando o foco se vira para disciplinas como a literatura, a matemática ou as ciências.
Também abaixo da média da OCDE fica o sentido de comunidade e participação cívica e política em Portugal.
Para os analistas da OCDE, a participação em eleições é uma medida que demonstra confiança pública no Governo e no processo político, mas nos últimos sufrágios essa ida às urnas só foi feita por uma média de 64% dos portugueses, abaixo da média da OCDE, que chega aos 73 por cento.
“Em geral, 71% das pessoas em Portugal dizem que têm mais experiências positivas num dia normal (sentem-se descansados, orgulhosos do que fizeram, alegres, entre outros sentimentos) do que negativas (dor, preocupação, tristeza, tédio), o que fica muito abaixo da média da OCDE”, conclui o estudo.
A qualidade da água é o único dos pontos analisados em que Portugal está acima da média da OCDE, sendo que se mantém em linha em relação a outros dois fatores de bem-estar: a esperança média de vida – cerca de 80 anos – e o nível de poluição atmosférica.
Lusa