Banco Público de Células Estaminais do Cordão Umbilical (Lusocord), a funcionar há cerca de dois anos no Centro de Histocompatibilidade do Norte sem qualquer financiamento público, deverá ver a sua situação financeira resolvida até final deste mês.
Em declarações hoje à Lusa, a diretora do Centro de Histocompatibilidade do Norte, Helena Alves, disse ter recebido “um sinal positivo” do atual Governo de que as verbas contempladas (dois milhões de euros) no Orçamento de Estado para 2011 irão ser desbloqueadas em breve.
“Tenho, neste momento, um sinal de que de facto há um interesse da tutela no sentido de nos apoiar e que há um reconhecimento do trabalho da instituição. Penso que tenho motivos para acreditar que a situação será resolvida”, afirmou.
A responsável considerou ainda que “se forem atribuídos dois milhões de euros por ano, o Lusocord conseguirá trabalhar bem” e admitiu que “a curto prazo, quando as amostras estiverem disponíveis, se poderá compensar esses gastos com o dinheiro que se poupa na importação desse sangue do cordão e com o que se ganha na exportação para os estados que dele necessitarem”.
“Isto não é um poço sem fundo. Com a disponibilização das nossas amostras acabaríamos por criar sustentabilidade ao banco”, referiu.
Também no que respeita a pessoal, a responsável disse que “o centro de histocompatibilidade tem andado sempre nos limites”, referindo que o quadro inicial previsto era de 49 pessoas, mas “nunca chegou a ter mais de 24 ou 25” funcionários.
“Atualmente, temos 14 pessoas no quadro, a começar na diretora e a acabar na auxiliar de limpeza”, frisou, sublinhando que, no caso do Lusocord, serão necessárias “pelo mesmos 10 a 12 pessoas” para garantir o seu funcionamento.
Apesar do “excelente conjunto de amostras” para criopreservação e investigação, “uma parte importante deste processo ficou por cumprir” devido às dificuldades financeiras e de pessoal.
“Porque, obviamente, sem dinheiro e sem pessoas, tivemos de gerir e direcionar os recursos para colher e criopreservar. A parte mais burocrática, de análise, revisão dos processos e de inscrição no registo internacional está por fazer”, acrescentou.
A alternativa, frisou, "era colher menos, mas a probabilidade de essas amostras servirem para alguma coisa era quase nula".
"Preferi fazer a aposta no ‘início da linha’ para proteger aquilo que não posso controlar que são as doações e os momentos dos partos e quando tiver mais recursos e mais apoio rapidamente se conclui o processo”, disse.
As dificuldades com que o Lusocord se tem confrontado motivaram já mais de 1.400 pessoas a assinar uma petição online que reivindica a imediata resolução do financiamento e pessoal de forma a permitir a operacionalização do banco público de células do cordão umbilical.
Em dois anos, o Lusocord fez a criopreservação de sete mil unidades para transplantes, de um total de 18 mil dádivas.
“Temos sempre um número muito superior de dádivas, só que nem todas podem ser criopreservadas para transplantes porque não preenchem critérios de qualidade, devido a infeções adquiridas no momento do parto ou porque o cordão não tem o comprimento ou volume de sangue suficiente para congelar”, explicou Helena Alves.
O Banco Público permite não só tratar doentes com leucemia, aplasias medulares e outras doenças fatais com necessidade de transplante, como pode ainda disponibilizar amostras para a investigação de tratamento de doenças graves como as doenças coronárias, diabetes, alzheimer, parkinson, paralisias cerebrais e doenças autoimunes, entre outras.
Lusa
16 de agosto de 2011
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