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Todos os anos 50 mil doentes estão expostos a infeções fatais decorrentes de transplantes de medula
11 de abril de 2011 – 11h49
As células estaminais, localizadas no centro da medula óssea, não só asseguram a contínua renovação das células do sangue, como também são capazes de responder às emergências do organismo, revela um estudo europeu que abre caminho à criação de mecanismos para proteger o organismo de infeções.
Esta capacidade, até então desconhecida, pode ter aplicações para proteger o organismo de infeções, nomeadamente no caso dos pacientes que receberam um transplante de medula óssea, salienta Michael Sieweke, do Centro de Imunologia de Marselha Luminy, que liderou o trabalho em conjunto com o Centro de Medicina Molecular Max Delbrück, em Berlim.
As células do sangue têm uma vida limitada: a esperança de vida de um glóbulo vermelho não excede os três meses, a das plaquetas é de dez dias e a da grande maioria dos glóbulos brancos é de apenas alguns dias, indicam os cientistas, cujo trabalho foi publicado na revista científica Nature.
Produção flexível e equilibrada
As células-tronco hematopoéticas ou hemocitoblastos - células precursoras dos glóbulos sanguíneos - garantem a renovação diária do organismo a partir do derramamento de milhares de novas células na corrente sanguínea. A equipe do Sieweke já tinha descoberto em 2009 que numa situação normal as células-tronco não agem de forma aleatória, mas "decidem" uma produção equilibrada sob a influência de vários fatores e sinais.
Contudo, não se sabia que as células estaminais do sangue também respondiam às emergências, produzindo, por exemplo, glóbulos brancos sanguíneos que destroem os micróbios que originam as infeções.
"Nós descobrimos que uma molécula biológica – a M-CSF –, produzida em grandes quantidades pelo organismo durante uma infeção ou inflamação, indica o caminho queas células-tronco devem adotar", explicou Sandrine Sarrazin, coautora do trabalho, cita a agência France Presse.
O M-CSF (Fator Estimulador de Colónias de Granulócitos e Macrófagos) ativa a linha de glóbulos brancos através de um gene ("PU.1") das células-tronco que, por conseguinte, produzem em grande quantidade as células mais adequadas a cada situação do organismo.
A descoberta da função da molécula M-CSF traz novas noções de como será possível estimular e acelerar a produção de glóbulos brancos nos doentes que enfrentam sérios riscos de infeção depois de um transplante de medula óssea.
Todo os anos, são mais de 50 mil doentes estão expostos a este tipo de riscos.
Nuno Noronha com AFP
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