As partículas tóxicas no ar causam quase um milhão de mortes prematuras na China todos os anos, de acordo com estudos anteriores citados pela nova investigação. "As mudanças climáticas aumentam as ocorrências de condições climáticas favoráveis ​​ao nevoeiro severo do inverno de Pequim" que é tóxico e mortal, informa a equipa de cientistas na revista científica Nature Climate Change.

Em Pequim, e em outras grandes cidades do norte da china, o número de dias por ano com clima propício a nevoeiros extremos subiu de 45 para 50 no período de 1982 a 2015. Ou seja, em comparação com as três décadas anteriores, registou-se um aumento de 10%. A tendência deve piorar se o aquecimento global continuar, conclui o estudo.

Os episódios persistentes de neblina prejudicial à saúde devem tornar-se 50% mais frequentes e durar quase o dobro do tempo durante a segunda metade deste século, apontam os cientistas.

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O maior perigo, concordam os especialistas, é a poluição de partículas microscópicas, com menos de 2,5 micrómetros de diâmetro.

Doenças

A queima de carvão, juntamente com as emissões de veículos e a poeira, são as principais fontes dessas partículas ultrafinas, que podem causar graves problemas respiratórios e aumentar o risco de doença cardíaca. São tão pequenas que entram nas células humanas, afetando os sistemas imunitário e nervoso.

Nas principais cidades do norte da China, o número de dias com "neblina severa" saltou de 12 para 18 durante os invernos de 2014 e 2015, respetivamente, e para 25 no inverno de 2016.

Os dias de neblina intensa ocorrem quando a concentração de partículas pequenas excede os 150 microgramas por metro cúbico de ar.

"Eu classificaria a poluição atmosférica como a preocupação número um ou número dois das pessoas comuns nas cidades do norte da China", disse à agência France Presse o coautor do estudo Hong Liao, investigador da Universidade de Nanjing.

"Apesar dos rígidos controleos de emissão, os dias de neblina severa em Pequim continuaram a aumentar, como foi visto claramente nos últimos três invernos", disse Renhe Zhang, cientista da Universidade Fudan, num comentário publicado na Nature Climate Change.

"Um esforço global para desacelerar o aquecimento global é urgentemente necessário para diminuir o risco de poluição do ar em Pequim", acrescentou.

O problema não se limita à China. Em 2013, quase um milhão de mortes prematuras na Índia foram atribuídas ao ar poluído.