Optar por uma alimentação vegetariana às segundas-feiras é o desafio do Partido pelos Animais e pela Natureza (PAN), que quer colocar Portugal num movimento internacional contra o que diz ser o “flagelo global” do consumo excessivo de carne.

O movimento “2as Sem Carne” começou nos Estados Unidos em 2003 e já se alargou a 24 países. Em Portugal, o PAN lançou hoje esta campanha “com um objetivo muito claro: reduzir o consumo de carne em 15 por cento, o equivalente a um dia por semana”.

“Quantos mais portugueses optarem à segunda-feira por uma alimentação vegetariana, mais nos aproximaremos do nosso grande objetivo de reduzir em 15 por cento o contributo dos portugueses para este flagelo global que é o consumo excessivo de carne”, declarou à Lusa o presidente do PAN, Paulo Borges.

A produção industrial de carne tem, segundo dados hoje apresentados, um “tremendo impacto sobre a saúde humana, o bem-estar animal e o equilíbrio ecológico”.

O responsável disse que “tudo o que se produz em termos de cereais e leguminosas para alimentar animais para abate em todo o mundo permitiria alimentar diretamente 2 mil milhões de pessoas, o dobro dos mil milhões de pessoas que atualmente passam fome”.

Por outro lado, a produção industrial de carne tem fortes impactos ambientais: produzir um quilo de carne de vaca, por exemplo, consome 15 mil litros de água e 15 quilos de cereais e leguminosas.

Os efeitos sobre a saúde humana são outra das preocupações. Segundo Paulo Borges, “as estatísticas mostram que 75 por cento das doenças mais mortais nos países ocidentais, como doenças cardiovasculares e cancro, são devidas ao consumo excessivo de carne”.

O PAN quer que esta campanha chegue aos portugueses, mas também às escolas e instituições, defendendo que o futuro do planeta deve ser uma prioridade política.

“Queremos trazer esta questão para o debate público e para a agenda política. Em Portugal é necessária uma nova classe política que esteja informada sobre as grandes questões em que se joga hoje o destino da Humanidade”, declarou.

Outro objetivo da campanha é mostrar que a dieta vegetariana não é mais cara do que a alimentação tradicional.

“Uma alimentação predominante vegetariana não é mais cara. O que é caro são os produtos animais, a carne e os laticínios”, defendeu o presidente do Instituto Macrobiótico de Portugal, Francisco Varatojo, que quer ainda derrubar o “mito” de que a comida vegetariana não tem sabor e é mais difícil de cozinhar.

“É uma alimentação muito mais saborosa, se for bem confecionada. Há dias em que se pode cozinhar de forma mais rápida, outros em que pode ser de forma mais elaborada, a pessoa pode adaptar ao estilo de vida que tem”, sustentou. Para dar “uma ajuda” na cozinha, o movimento disponibiliza semanalmente receitas e dicas no site www.2semcarne.com.

O especialista em macrobiótica deixa o seu exemplo: “Eu não como carne desde os 16 anos, há 35 anos, e não sinto minimamente a falta. Não me queixo de nenhum problema que possa advir de não comer carne, pelo contrário. É perfeitamente possível e preferível ter uma opção deste tipo”, garante Francisco Varatojo.

31 de outubro de 2011

@Lusa