“Relativamente à adesão no continente e na ilha da Madeira, estamos muito satisfeitos com a adesão e com a determinação dos nossos colegas, dos enfermeiros. A adesão nas instituições, em média, rondou entre os 80 e 90%. Tivemos serviços a 50%, mas [também] tivemos a 100%”, disse a presidente do sindicato, Gorete Pimentel, anunciando nova greve para 11 de março.
Em 21 de dezembro, os enfermeiros iniciaram quase duas semanas de greve, que se prolongou até hoje.
A paralisação foi convocada pelo SITEU, que reivindica aumentos salariais de 52 euros, de forma a igualar os 1.333,35 euros que os técnicos superiores da Administração Pública recebem a partir do nível 16.
“Foi uma demonstração de descontentamento generalizado por parte dos enfermeiros, descontentamento pela forma como são tratados os enfermeiros que são licenciados, são tratados como se não fossem”, prosseguiu.
Gorete Pimentel, no entanto, denunciou que houve “imensos médicos” e “chefes e gestores a furar a greve”, abrindo serviços e a “chamar enfermeiros de casa para substituir grevistas”.
“Nós denunciámos isto tudo e temos mais denúncias para fazer à ACT [Autoridade para as Condições do Trabalho]. Tivemos na Madeira, por exemplo, gestores que rasgavam o pré-aviso de greve sempre que era afixado”, assinalou.
Sobre as causas dos boicotes à greve, a dirigente sindical acusou Portugal de ser “um país pequenino” que vive “há muitos anos com os sindicatos do sistema”.
“Pela lei da greve, (…) ninguém pode furar a greve a um grevista. Não pode ser substituído, não podem ser alterados horários (…). Isto sempre se fez e nunca houve denúncias, porque são os sindicatos do sistema. Quando há um sindicato que não é do sistema isto faz-se, mas haverá consequências, espero. Queixas tem havido e vou continuar a fazer”, salientou.
Questionada sobre possíveis novas formas de luta, a sindicalista referiu que os enfermeiros vão iniciar nova greve “logo no dia a seguir às eleições” legislativas agendadas para o dia 10 de março.
“Vamos iniciar uma greve no dia 11 de março e durante o período de campanha eleitoral temos ações previstas, que não posso dizer quais são (…) para não perder o caráter de surpresa. Isto não tem a ver com um partido especificamente, nem com dois. Isto tem a ver com todos os partidos que têm assento parlamentar”, sustentou.
À Lusa, na véspera da greve, Gorete Pimentel tinha dito que o tema chegou a ser levado ao Ministério da Saúde, que se comprometeu a resolver a situação até ao final do ano, mas a demissão do Governo deixou, entretanto, os enfermeiros sem resposta.
No mês passado, um grupo de cidadãos, incluindo médicos como Sobrinho Simões e Júlio Machado Vaz, apelou aos profissionais de saúde que suspendam, até à posse do novo Governo, formas de luta que comprometam o acesso dos doentes aos cuidados de saúde.
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