A história de vida de Marieke Vervoort não deixa ninguém indiferente. Paralisada da cintura para baixo e com 20% da visão afetada, tornou-se no sábado vice-campeã dos 400 metros (T51-52).

Dias antes, a imprensa do seu país veiculava a potencial vontade de Marieke Vervoort de recorrer à eutanásia depois da competição, procedimento para o qual já tem autorização desde 2008.

Na manhã de sábado, no Estádio do Engenhão, a desportista realizou uma das suas últimas provas paraolímpicas para depois subir ao pódio. "Foi incrível entrar no estádio. Não havia só belgas a gritar o meu nome, mas também adeptos de outros países. A prova correu bem, mas a minha adversária foi mais rápida. Mesmo assim, fiquei emocionada", admitiu Vervoort. O ouro foi para a canadiana Michelle Stilwell e o bronze entregue à norte-americana Kerry Morgan.

Vervoort vive atormentada desde os 15 anos por duas doenças degenerativas: tetraplegia progressiva e distrofia muscular miopática. As duas patologias sem cura provocam-lhe dores intensas diárias.

A atleta já tinha alcançado duas medalhas paraolímpicas, ouro nos 100 metros e prata nos 200 metros nos Jogos de Londres, há quatro anos.

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"Assinei os papéis em 2008 porque tenho muitas dores e não quero viver com dores. Quero viver, mas bem. Depois do Rio não vou pedir a eutanásia. Vivo o dia a dia. Mas quando não aguentar mais, pedirei", disse à agência de notícias espanhola EFE.

"Vou-me retirar feliz. Fiz tudo o que podia pela minha saúde. Tomo medicamentos para suportar as dores e tem sido muito difícil", reforçou Vervoort que já informou que deixará de competir depois do Rio de Janeiro. Mas não sem antes tentar o ouro na última corrida da sua carreira: os 100m T52, agendados para dia 17 de setembro.

Familiares e amigos sabem da sua decisão e Vervoort já escolheu quem vai querer a seu lado quando lhe for aplicada a injeção letal.

Ao jornal espanhol El País, contou que quer que seja ao som de música. As cinzas deseja que sejam espalhadas no mar em Lanzarote.

"No dia 17, ma minha última prova, vou dar o máximo. Os meus braços vão quase sair do meu corpo de tanto esforço. Acho que quando terminar essa prova vai ser muito difícil para mim. Vou chorar muito, não importa a posição que chegue. Porque será a última vez que estarei na cadeira de competição", disse em conferência de imprensa no sábado (10/09).