No mundo, existem quase 4 mil milhões de mulheres, o que corresponde a 49,5% da população. Uma alta percentagem são jovens e mulheres em idade fértil e, na sua maioria, habitam os países mais desfavorecidos do planeta.

Nestas situações de pobreza extrema, a população enfrenta muitas adversidades e, a jovens e mulheres em idade fértil, acresce a problemática da higiene menstrual. Em países mais pobres e de sociedades mais fechadas, existem muitos mitos associados à menstruação, perigosos, por incluírem estigmas que afastam as mulheres da sociedade ou por incluírem práticas que colocam a vida das mesmas em risco.

A menstruação não pode ser um tabu, uma vergonha ou um tema envolto em mistério e erros que podem custar vidas. Aliado à falta de informação e vergonha, a falta de acesso a saneamento básico e produtos seguros, prejudicam as oportunidades de educação, saúde e status social de milhões de mulheres e meninas.

Este é um tema que tem de ser abertamente debatido, explicado e corretamente apoiado quer por mulheres, como por homens, para que se mudem mentalidades e normas sociais.

Como alterar o estigma da pobreza menstrual? Acreditamos que a palavra-chave é educação!

Porque, mesmo em países ditos desenvolvidos, são ainda muitos os mitos que perduram no que respeita à menstruação. Na nossa sociedade, ainda persistem crenças totalmente infundadas no que toca a algo tão natural e essencial à vida como a menstruação.

Quem nunca ouviu dizer que o fluxo menstrual é algo impuro e que purga o corpo de impurezas e toxinas e, por isso, é algo no qual não se deve tocar? Isto é completamente errado! Mas, se formos mais longe, porque é que as mulheres continuam a esconder os seus produtos de higiene menstrual e a esconder que estão menstruadas?

Esta é uma questão transversal a países pobres e ricos, onde o estigma e a vergonha associados à menstruação persistem.

E, para além do estigma social, podemos também abordar o tema do ponto de vista económico. Basta referir que, em alguns países, os produtos para a higiene menstrual são ainda taxados como se fossem bens de luxo e não de primeira necessidade.

É essencial falar de menstruação, encará-la como algo natural que todos os dias acontece a milhões de mulheres em todo o mundo. Porque só falando abertamente de menstruação, poderemos pensar verdadeiramente, por exemplo, no seu impacto ambiental.

De acordo com um estudo da ONG Catalã Rezero, em 2017, na Europa foram utilizados aproximadamente 46 mil milhões de produtos menstruais descartáveis, o que gerou 590 mil toneladas de lixo. E, se considerarmos que durante a sua vida fértil, cada mulher pode chegar a utilizar mais de 12 mil produtos higiénicos descartáveis, os números são verdadeiramente assustadores.

Estes produtos descartáveis vão parar a aterros e, dependendo do tipo de produto e da quantidade de plástico que contenha, podem levar entre seis meses até mais de 300 anos a decomporem-se.

Mas como tornar a nossa menstruação mais sustentável? Reutilizar é a palavra de ordem! Optar por soluções reutilizáveis, que respeitam o corpo e a saúde feminina e, simultaneamente, o meio ambiente.

Copos menstruais e pensos reutilizáveis são as opções mais inteligentes para proporcionar acesso igualitário a produtos higiénicos, seguros, dignos e acessíveis a todas as jovens e mulheres. Por exemplo, optar por um copo menstrual feito de silicone líquido de grau médico, que respeita o corpo da mulher, que permite uma utilização até 12h inclusivamente durante toda a noite, sem perda de fluxo menstrual, sem qualquer interferência com o pH vaginal ou acumulação de germes e tem uma duração de até 10 anos pode ser uma opção.

Proporcionar o acesso a cuidados higiénicos menstruais é potenciar condições para que milhões de meninas e mulheres possam atingir o seu potencial, acreditar em si mesmas, melhorando as suas condições de vida, promovendo a capacitação e educação de mais mulheres para, desta forma, alterar mentalidades. E só assim o mundo avança.

Texto: Vânia Martins, enna