Apesar disso, a maior parte de nós tem dificuldade em sentir-se verdadeiramente grato. E esta dificuldade surge, em parte, porque vamos crescendo habituados a focarmo-nos, em primeiro lugar, no lado negativo da vida.
Ora vejamos, quantas vezes, no nosso dia a dia, não ouvimos as pessoas a competir pela ‘dor maior’? E de repente quando alguém se queixa de uma situação, há sempre alguém com uma situação ainda mais difícil para contar e, aos poucos, habituamo-nos a lutar para perceber quem tem a mágoa maior. E quando assim é, sentirmo-nos gratos, torna-se difícil, porque acabamos por ficar apenas a inundados em angústia e, nessas circunstâncias, nunca nos conseguimos contagiar pela gratidão. Só achamos que tudo de mal nos acontece, ficamos presos ao reclamar e somos incapazes de agradecer. De tudo isto, a uma tonalidade depressiva nos nossos dias é um ápice.
Fica claro que sempre que passamos demasiado tempo focados nos lados negativos é difícil sentirmo-nos gratos. A gratidão precisa de ser trabalhada nas mais pequenas coisas, para que seja um sentimento que vem de dentro, só quando assim é, tem consequências positivas no nosso bem-estar e no nosso dia a dia.
Assim, estar grato implica que sejamos capazes de apreciar cada momento, cada desafio e cada fase da nossa vida com olhos de quem vê o lado bom e é capaz de confiar. A verdade é que quando experienciamos a gratidão na sua plenitude, sentimos que ‘o universo é capaz de conspirar a nosso favor’ e este bem-estar contribui - inevitavelmente - para a nossa saúde física e mental.
Por tudo isto, comece já hoje a apreciar as pequenas coisas do seu dia que lhe proporcionam bem-estar e pelas quais pode estar grato. Permita-se, por entre os desafios do seu dia a dia, a agradecer e recorde-se que, mesmo que tudo esteja numa ‘montanha russa’, há de certeza alguma coisa que correu bem, que o fez sorrir, sentir pleno de si e grato pela vida.
Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.
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