O Fenómeno de Raynaud resulta de uma vasoconstrição (aperto) das artérias digitais e arteríolas da pele. Pode ser desencadeado pelo frio, mudanças súbitas de temperatura, ou stress. Provoca alteração da cor da pele, progredindo geralmente por três cores. Os dedos ficam brancos (pálidos), de seguida azuis/arroxeados, e depois vermelhos. Afeta sobretudo as extremidades, ou seja, dedos das mãos e pés.

Importa distinguir 2 tipos de Fenómeno de Raynaud: primário e secundário. O primário, é o tipo mais frequente nos adolescentes e adultos jovens, e não está associado a nenhuma doença. Muitas vezes é transitório e pode melhorar ou desaparecer com a idade. Por outro lado, o Fenómeno de Raynaud secundário pode ocorrer como resultado de uma doença reumática sistémica ou conectivite (lúpus, esclerose sistémica, etc), doença endócrina, do tabagismo ou de alguns medicamentos.

O reconhecimento precoce do fenómeno de Raynaud secundário é crucial, pois este constitui frequentemente a primeira manifestação de doenças reumáticas sistémicas ou das conectivites. No caso de haver esta suspeita estes doentes deverão ser referenciados à Reumatologia.

Análises e exames

A distinção entre Fenómeno de Raynaud primário e secundário pode implicar a realização de análises e a realização de exames.

O tratamento não-farmacológico inclui medidas simples, como: evitar exposição a temperaturas frias e mudanças repentinas de temperatura (quando possível), manter o calor corporal e das extremidades (vestir roupa quente, térmica, usar chapéu, luvas, meias, aquecedores), cessação tabágica e evitar traumas repetidos nas pontas dos dedos e evitar ferramentas vibratórias.

O tratamento farmacológico também poderá estar recomendado, estando em primeira linha indicados fármacos vasodilatores, como os bloqueadores dos canais de cálcio. Recentemente, a Sociedade Portuguesa de Reumatologia publicou na ARP Rheumatology um artigo com treze recomendações para o tratamento do Fenómeno de Raynaud nas doenças reumáticas sistémicas. Resultaram de um intenso trabalho multidisciplinar constituído por reumatologistas, enfermeiros, cirurgiões, doentes, bibliotecário e um metodologista. Tiveram por base a melhor científica publicada até à data e a opinião de peritos com vasta experiência nesta área.

Um artigo da médica Tânia Santiago, Reumatologista da Sociedade Portuguesa de Reumatologia e Professora Auxiliar de Reumatologia na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.