Estes sentimentos negativos estão intimamente associados às nossas crenças internas. Crenças sobre os defeitos e falha, sobre “o que eu deveria fazer“ e “como eu o deveria fazer” ou até “o que é que os outros esperam de mim”, e sobre o significado daquele comportamento que originou todos esses sentimentos. Acreditamos, mesmo que inconscientemente, que a falha ou o erro diz algo sobre nós, que nos define de alguma forma.
Estes sentimentos não surgem isolados, ou pelo menos, não surge sem a presença de interpretações acerca da situação em que o erro aconteceu.
O surgimento de toda e qualquer emoção pode ser resumida através de um modelo simples, chamado de modelo A-B-C.
A (situação) – B (Interpretação da situação) - C (Consequências (Emoção))
Dando um exemplo:
- Imagine que deixa cair um copo com água no escritório, à frente de todos os seus colegas (situação);
- Automaticamente o cérebro vai interpretar a situação. Por exemplo: “Vão todos pensar que sou um desastrado”, “Devem estar todos a rir-se de mim”, “Nunca me vão ver como uma pessoa competente”, “Só faço asneira”;
- As emoções que surgem provavelmente são de tristeza, raiva, preocupação, insegurança...
Mas, imagine agora que ao invés disso pensa: “Foi só um copo com água, pode acontecer com qualquer um, basta limpar a água e os vidros e está tudo bem, esta situação não significa nada sobre mim”? Provavelmente o “C” desta situação seria bastante diferente, talvez continuaria a ser uma situação que provocaria ansiedade ou vergonha, mas não provocaria nada nenhuma emoção extremamente difícil de lidar e que se mantivesse presente durante muito tempo.
Percebo facilmente que o segundo exemplo revela uma forma de pensar mais saudável e adaptativa, que realmente partir um copo só significa que o copo partiu. Contudo, a tendência imediata de muitas pessoas é a critica profunda em vez da aceitação do erro tal como ele ocorreu de forma saudável. Isto acontece por causa das suas crenças e exigências internas. Estas pessoas colocam a pressão em si próprias de serem perfeitas e não cometer erros, identificando os erros como falhas pessoais e não como situações completamente normais. O verdadeiro problema é que ser perfeito é um objetivo que nunca ninguém vai alcançar, porque não é possível de concretizar.
Se se identifica com este padrão de pensamento, deixo-lhe um desafio: refletir sobre quais são as suas regras de vida no que diz respeito aos objetivos e perfeição e questionar-se “quais os custos e benefícios que estes padrões me trouxeram até aqui?”.
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