
É sabido que os portugueses dormem pouco. Num questionário online da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, com mais de 2000 respostas, 75% dos inquiridos assumia dormir menos de 7 horas e 19% dormia menos de 6 horas. Sabemos que as necessidades de sono são individuais e que um adulto necessita entre 7 a 9 horas de sono. A privação de sono é um problema das sociedades modernas e acarreta riscos para a saúde física e mental do próprio indivíduo, mas também riscos de saúde pública, como a sonolência ao volante. Além de dormirem pouco, os portugueses também parecem dormir mal - 52% dizia raramente dormir bem, 22% tinham dificuldade em adormecer, 17% assumiam ressonar e 51% referiam sonolência excessiva durante o dia. Doenças como a insónia e a apneia do sono são cada vez mais prevalentes na nossa população.
O sono é um dos pilares de um estilo de vida saudável, a par da dieta e da atividade física. Tem funções essenciais para o crescimento e recuperação muscular, a imunidade, a regulação metabólica e do apetite, mas também a regulação do humor. Dormir pouco ou mal aumenta o risco de doença cardiovascular e metabólica – como a hipertensão arterial ou diabetes – e o risco de doenças como a depressão e a ansiedade. É fundamental, por isso, que quem tem dificuldade em iniciar ou manter o sono, quem ressona ou para de respirar durante a noite e quem tem sonolência ou dificuldades de concentração durante o dia procure ajuda médica em Consulta de Sono.
O horário atual (horário standard) é o mais benéfico para o nosso sono. A mudança de hora que vai acontecer no final de Março vai contribuir para que tenhamos exposição à luz natural até mais tarde no nosso dia, o que inibe a produção de melatonina, atrasando o início de sono e prejudicando a qualidade do mesmo. Ao mesmo tempo teremos menos exposição matinal à luz essencial para a sincronização do nosso ritmo circadiano com o ritmo exterior, o que também é prejudicial para o sono. Além disso, nos dias após a mudança da hora há um problema cumulativo de perda de horas de sono com privação associada, o que provou aumentar o risco cardiovascular e de acidentes de viação.
Faça da saúde do seu sono uma prioridade!
Um artigo da médica Vânia Caldeira, Pneumologista e sonologista, e Coordenadora da Comissão de Trabalho de Patologia Respiratória de Sono da Sociedade Portuguesa de Pneumologia
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