Ainda precisamos de assinalar o dia da Mulher, ainda precisamos de fazer com que as meninas acreditem que podem sonhar, que podem fazer escolhas, que têm uma voz, que têm poder, que se podem tornar líderes, jogar futebol ou brincar às princesas.

Por muito que não o desejemos, ainda vivemos discrepâncias acentuadas entre homens e mulheres, seja na vida pessoal, seja na vida profissional ou social. E, pelo bem de todas as meninas, futuras mulheres - e também de todos os meninos, futuros homens - precisamos de começar, agora, a inverter esta tendência e a educar com vista à igualdade.

Para acabarmos com este fosso que existe entre homens e mulheres devemos lembrarmo-nos que, é na educação que reside a mudança. É quando desde muito cedo mostramos - quer às meninas, quer aos meninos - que nenhum deles deve ter condicionantes pelo seu género, que nenhum deles deve evitar um desporto, um brinquedo ou uma profissão pelo seu género, que iniciamos a mudança para todos, que valorizamos o papel da Mulher, sem cair no erro de desvalorizar o papel do homem.

E, em dia da mulher, este é o desafio que deve ser lançado a todos os Pais, a todos educadores, ensinar a todas as meninas e a todos os meninos que o genéro não define as escolhas tomadas ao longo da vida, que o género não define quem é mais inteligente, mais forte, ou mais ligado à família.

Enquanto ensinamos que o género não define o papel da criança nem no presente, nem no futuro, devemos ainda procurar ensinar a cada criança a capacidade de olhar para os seus lados bons, de fortalecer a sua autoestima, aceitando também os seus lados menos bons. Ao mesmo tempo que, devemos procurar que cada criança seja capaz de ser empática, de cuidar dos outros, de aceitar o que os outros são, sentem ou pensam, acolhendo-os sem a necessidade imediata de julgar.

Quando formos capazes de fazer tudo isto, conseguiremos fortalecer o interior das crianças, é quando educarmos meninas e meninos da mesma forma, que teremos espaço para apenas olhar para o dia da Mulher como uma celebração e não como uma necessidade reivindicar direitos iguais e reivindicar a valorização da Mulher. E, é urgente que o façamos o mais rapidamente possível, para que, nas gerações futuras, exista cada vez menos espaço a discrepâncias entre géneros.

Que sejamos agentes da mudança e através das crianças de hoje, sejamos capazes de mudar as crenças acerca de géneros no futuro, construindo assim um mundo mais acolhedor para todas as mulheres e para todos os homens.

Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.