Se por um lado o piloto automático pode atribuir alguma eficiência ao nosso dia a dia, libertando-nos de pensar exaustivamente acerca de questões rotineiras, por outro lado, muitas vezes faz-nos ficar presos a padrões menos saudáveis e favoráveis para nós e para o nosso bem-estar.

Se analisarmos as nossas ações, rapidamente percebemos que perante situações semelhantes entre si, temos tendência a responder de forma muito semelhante. Esta resposta, quase automática, permite-nos abandonar a necessidade de analisar exaustivamente a situação perante a qual estamos a ser colocados e rentabilizar o nosso tempo. No fundo, aquilo que acontece é que perante determinada situação a nossa memória permite-nos assumir uma resposta similar, para uma situação similar.

Isto leva-nos ao desenvolvimento de padrões inconscientes e está tudo bem com este registo se as respostas forem adaptativas e saudáveis. No entanto, por vezes, existem certos padrões de relação, ou de resposta, a situações que não são as mais agradáveis e favoráveis para tudo aquilo que somos e necessitamos. 

Sempre que nos apercebemos que estamos a assumir um padrão que nos traz frequentemente uma resposta que nos incomoda ou que não corresponde ao que desejamos, devemos fazer o esforço de pensar acerca do que está a originar essa resposta, no fundo, tornar claro para nós  o padrão que está por detrás da resposta que estamos a assumir para essas situações similares. Ao fazê-lo, tornamos conscientes os padrões que nos desagradam, impedindo que o piloto automático se perpetue em padrões disfuncionais e que geram consequências negativas no nosso dia a dia. 

É importante termos consciência que só olhando de forma clara, direcionada e consciente para as respostas que costumamos dar e para as consequências que temos na nossa vida, podemos descobrir os padrões que estamos a assumir. A partir daí, abre-se espaço para arranjar soluções para esses padrões, para nos reinventarmos e gerarmos respostas diferentes a situações similares. Só assim, podemos gerar consequências diferentes para nós próprios, mais saudáveis e adaptativas. 

Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.