A Cardiomiopatia Hipertrófica é uma doença caracterizada pela hipertrofia e rigidez das paredes dos ventrículos (as duas câmaras inferiores do coração), que não descontraem corretamente para permitir que as câmaras cardíacas se encham de sangue e consequentemente o coração bombeia menos sangue em cada batimento. Com o espessamento das paredes ventriculares, a válvula mitral não se fecha naturalmente, o que gera refluxo ou vazamento de sangue para o átrio esquerdo (regurgitação mitral). Estes vazamentos aliados às paredes ventriculares expandidas originam sopros cardíacos, podendo ocorrer ritmos cardíacos anormais que podem culminar em morte súbita.

A Cardiomiopatia, tal como o nome da doença sugere, é o desgaste progressivo da estrutura e da função das paredes musculares das câmaras do coração. A maioria dos casos clínicos de Cardiomiopatia Hipertrófica é causada por uma mutação genética hereditária. É a doença cardiovascular genética mais frequente, transmitida de forma autossómica dominante, e uma das causas mais comuns de morte súbita.

A sintomatologia ocorre geralmente em pacientes com idades entre os 20 a 40 anos e inclui dor torácica, dispneia (falta de ar), síncope (desmaio) e sensação de batimentos cardíacos irregulares (palpitações). A função diastólica anormal é responsável pela maioria dos sintomas. Esta doença, associada à prática de atividade física intensiva e/ou de alta competição, como temos o exemplo dos jogadores de futebol, pode originar morte súbita.

Estudos revelam que cerca de 1 a cada 200 pessoas têm Miocardiopatia Hipertrófica e podem permanecer assintomáticas durante toda a vida sem terem conhecimento que são portadoras desta patologia.

O diagnóstico da Miocardiopatia Hipertrófica é de extrema importância na prevenção de um desfecho trágico. O eletrocardiograma (ECG) deteta cerca de 90% dos casos clínicos, mas atualmente é possível despistar com clareza a doença através de uma simples análise genética.

Um artigo do médico Germano de Sousa, especialista em Patologia Clínica.