Sessão Criança Jovemegundo a Associação Americana de Psiquiatria da Infância e da Adolescência (AACAP) uma em cada cinco crianças apresenta evidência de problemas mentais e esta proporção tende a aumentar. De entre as crianças que apresentam perturbações psiquiátricas apenas 1/5 é que recebe tratamento apropriado. As perturbações psiquiátricas da infância e da adolescência trazem grandes encargos à sociedade, quer em termos humanos quer financeiros, e muitas delas podem ser precursoras de perturbações na idade adulta.
A área da Psiquiatria da Infância e da Adolescência é uma especialidade médica que assegura a prestação de cuidados e intervenções diferenciadas na área da saúde mental à população de idade pediátrica (inferior a 18 anos). O seu campo de intervenção abrange um espectro alargado de atividades que englobam:
- Ações de promoção e prevenção universal e seletiva, com o objetivo de reduzir fatores de risco/ vulnerabilidade e aumentar fatores de proteção;
- Estratégias de prevenção e intervenção precoce, para casos com os primeiros sinais de perturbação;
- Avaliação diagnóstica e tratamento, para aqueles que apresentam já uma perturbação definida;
- Programas de cuidados continuados e reabilitação psicossocial, para situações com sequelas em resultado de uma perturbação.
Assim, a atividade do Psiquiatra da Infância e Adolescência envolve a promoção da saúde mental, a avaliação, diagnóstico e definição de estratégias terapêuticas para situações de perturbação mental e também a intervenção preventiva em grupos de risco. No entanto este trabalho, apenas desenvolve-se com a articulação de outras especialidades, como a Pediatria e a Psicologia da Infância e da Adolescência.
Dada a grande diversidade dos quadros psicopatológicos encontrados na infância e adolescência exige-nos, enquanto profissionais de saúde, a ter uma elevada diferenciação permitindo o diagnóstico e a implementação de intervenções adequadas às várias etapas do desenvolvimento, não só porque cada uma delas apresenta um grupo de patologias específicas dessa faixa etária, mas também porque a expressão sintomática de uma determinada patologia se pode manifestar de forma distinta ao longo do desenvolvimento.
No entanto a escassez dos psicólogos, nomeadamente nas consultas de crise/ emergência, impede que em muitos casos se possa proceder à necessária intervenção psicoterapêutica, nas diversas modalidades, levando a um excedente (por vezes desnecessário) recurso a psicofármacos, cada vez mais elevado. Salientando-se que a intervenção psicofarmacológica deve ser, sempre que possível evitada, e quando utilizada devemos enquadrada numa resposta multidisciplinar e em casos em que os recursos psicoterapêuticos não conseguem atuar por si só.
O diagnóstico de situações psicopatológicas e de risco e a implementação atempada de estratégias preventivas e terapêuticas deve, pois transformar-se numa prioridade. Sendo cada vez mais prioritário a Consulta de Emergência / Crise Psicológica na Infância e Adolescência juntamente com a Consulta de Crise Psiquiátrica.
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