Sermos capazes de ser empáticos na relação com os outros é absolutamente essencial e no espaço em que sentimos o outro, as suas dores e as suas necessidades, temos a tendência natural de procurar ajudá-lo e de impulsionar as mudanças necessárias na sua vida.
Ora termos este movimento de ajuda ao próximo é essencial, no entanto, é também extremamente importante permitir-nos perceber quais são os nossos limites na relação com o outro e naquilo que pode ser a nossa intervenção na sua própria vida.
Muitas vezes, aquilo que para nós nos parece um desequilíbrio pode, para a pessoa que o está a viver, ser um equilíbrio e até pode ser o equilíbrio que a própria pessoa precisa. Assim, mais do que agirmos com as pessoas da forma que gostaríamos que agissem connosco, devemos agir da forma que a pessoa precisa que ajam com ela. E, muitas vezes, a pessoa não precisa nesse exato momento de uma mudança, pode precisar de compreensão, afeto ou um sem fim de outras coisas.
O que acontece é que demasiadas vezes, ficamos presos à ideia de que a pessoa precisa daquilo que nós próprios, com as nossas crenças, os nossos valores e a nossa história de vida precisamos nas circunstâncias que ela está. Por isso, procuramos mudá-la e ajudá-la de uma forma desajustada e desequilibrada à sua própria realidade.
Neste contexto devemos ainda atentar que nem todas as pessoas querem de facto ser salvas, ajudadas ou mudadas, e a melhor ajuda que pode ser dada é permitirmos que os passos que a pessoa dá sejam feitos à sua medida e não que seja empurrada abruptamente para esses passos. Porque sempre que alguém é empurrado para qualquer que seja a mudança, na maioria das vezes, acaba por não estar disponível para ela e acaba por não a realizar de forma efetiva. O que se torna frustrante quer para quem procura ajudar, quer para a pessoa que ajuda.
Desta forma, devemos ter sempre presente que a ajuda ao outro deve acontecer à medida das suas necessidades, no momento em que ele está permeável para ela, não no momento em que nós próprios estamos disponíveis para a ajudar, só assim, podemos ser efetivos na ajuda ao outro e nos passos que a pessoa precisa de alcançar.
Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.
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