Quantas vezes não sentimos - ou observamos em alguém perto de nós - que relação, após relação parecemos tropeçar no mesmo tipo de pessoas? Como se, de repente, olhando para trás a escolha dos nossos parceiros amorosos obedecesse a um certo estilo específico com características de personalidade e estilos comportamentais semelhantes.
A verdade é que vamos moldando os nossos estilos emocionais e relacionais desde a infância e, muitas vezes, na vida adulta repetimos padrões de relacionamento que - mesmo que não sejam os mais eficientes para nós - estão tão intrínsecos no nosso funcionamento, que parecemos nem ser capazes de tomar consciência deles.
Repetimos padrões com amigos, com a família e nas mais diversas circunstâncias, mas é, principalmente, nas relações amorosas que eles mais se expressam e que mais contaminam a nossa capacidade de sermos autênticos e livres.
Isto acontece porque as relações amorosas são intensas, desafiantes e colocam-nos à prova, é nas relações amorosas que mais facilmente nos encontramos, ao menos tempo que também é nas relações amorosas que mais facilmente nos ‘perdemos’.
Pode, à partida, parecer confuso, mas a verdade é que nas relações amorosas acabamos por - mesmo que não queiramos - projetar todo o nosso mundo interno, todas as nossas experiências sejam elas mais positivas ou menos positivas e, como não podia deixar de ser, acabamos por nos deixar levar pelos nossos padrões mais ou menos desajustados.
Neste sentido, se queremos uma relação amorosa que nos faça crescer e que seja um lugar onde nos encontramos, precisamos de nos permitir sermos nós próprios por inteiro, de respeitar a nossa individualidade e de agir livres dos padrões menos ajustados que tantas vezes nos condicionam.
O primeiro passo para agir livre desses padrões, é tomarmos consciência deles, assumindo que se até aqui tivemos relações com padrões semelhantes entre si e que acabaram por não resultar, será importante colocarmo-nos em posição de nos permitirmos a alterar esse padrão, uma vez que não está a ser o padrão mais ajustado a todas as nossas necessidades.
É - inequivocamente - quando tomamos consciência dos nossos padrões, de todos os nossos fantasmas, ou ilusões e da forma como eles se projetam nas relações que vamos tendo, que tornamo-nos mais capazes de amar e nos deixarmos amar por inteiro, construindo relações mais saudáveis e sólidas.
Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.
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