Santiago Peralta, o criador dos chocolates Pacari, defende um modelo de fabrico transparente “from tree to bar” (da árvore à tablete, em tradução livre), baseado na produção em quintas orgânicas certificadas e em agricultores conscientes do seu papel.

O equatoriano tem dado que falar num negócio bem estabelecido e que movimenta milhões. Na última final do “Internacional Chocolate Awards”, realizado no Salon du Chocolat em Londres, a Pacari arrecadou seis medalhas de ouro e três de prata, sagrando-se a principal vencedora do concurso. Tal feito foi conseguido através de provas cegas, avaliadas por peritos internacionais. E o seu criador foi eleito o melhor “chocolate maker” do mundo.

As receitas que misturam os melhores grãos do Equador - a “matriz genética do cacau”, segundo Santiago - com temperos tropicais inesperados de erva príncipe, sal dos Incas ou malagueta, só para citar alguns, nunca tinham sido testadas e são realmente deliciosas.

A posição da Pacari como produtora do “único chocolate biodinâmico do mundo” vem confirmar a excelência da marca. Este conceito significa um negócio baseado em inovação, responsabilidade social e ecológica e no comércio direto com quintas certificadas.

Natural do Equador, Santiago estudou Direito em Portugal, mas foi na cultura do cacau que encontrou a sua vocação. Numa prova de chocolates Pacari harmonizados com vinhos da Adega de Borba, que decorreu em Lisboa, o empresário explicou as diferenças entre os diferentes climas do Equador, que alteram entre a extrema humidade da floresta tropical e a aridez do deserto, resultando em grãos de cacau de sabores diversos.

Em apenas quatro anos, a empresa de Santiago Peralta tem honrado o compromisso de manter 3000 famílias a trabalhar na agricultura orgânica, conseguindo dar formação aos trabalhadores e distribuir a riqueza de forma bastante mais equitativa do que os modelos de negócio tradicionais. Para Santiago, o consumidor típico europeu “não faz ideia do que acontece lá em baixo” (ou seja, na latitude onde se produz cacau), não hesitando em dizer que “o comércio justo no cacau é uma fraude”. Por isso recomenda o visionamento atento do documentário “The bitter side of chocolate".

Disponível em Portugal nas lojas Brio, Corte Inglês, Biocoop, Bio Escolha, Mercearia de Cascais e outros estabelecimentos com preocupações ambientais, a Pacari tem uma gama variada de produtos, do premiado chocolate preto ao enriquecido com frutas andinas, especiarias do Chile ou sal de Cuzco. O preço médio ronda os 3,00 a 4,00 euros.

Ana César Costa