A Serra do Mendro, que separa o Alto do Baixo Alentejo, atinge o seu ponto mais alto na Herdade Aldeia de Cima, a 404 metros de altitude. Foi neste território que Luisa Amorim (detentora, entre outras propriedades, da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, no Douro), identificou um enorme potencial para plantar uma vinha em altitude, em socalcos tradicionais de um bardo (ou seja, uma fila de vinha por socalco), em terras de xisto alentejanas.

Não é o Museu Guggenheim, é uma adega alentejana a 40 metros de profundidade
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Um território num contexto de amplitudes térmicas que podem variar 20 ºC num só dia, partilhando semelhanças com outras regiões vinícolas de outros países, como Rutherford ou To Kalon, em Napa Valley, nos Estados Unidos da América.

Os primeiros passos para estes vinhos de altitude foram dados na vindima de 2017, altura em que começaram a ser desenhados néctares com perfil assente nas castas indígenas ou, não o sendo, que se mostravam adaptadas à região. Os primeiros exemplares da Herdade Aldeia de Cima são os vinhos Alyantiju Tinto 2017 e Alyantiju Branco 2017, e dois reservas, Reserva Tinto 2017 e Reserva Branco 2017.

No Alentejo, nasceu uma vinha plantada em patamares tal como no Douro
Perfil da vinha plantada em socalcos. créditos: ©Mariana Abreu

Néctares que nasceram das alturas da Vinha dos Alfaiates, propriedade com 14 hectares, “a única vinha em patamares tradicionais plantada no Alentejo”, afirmam os produtores.

Por compreender diferentes encostas e declives de 30 a 40% de altitude, a equipa de enologia da Herdade Aldeia de Cima, decidiu subdividir a vinha em 18 microterroirs.

No Alentejo, nasceu uma vinha plantada em patamares tal como no Douro
Na adega, a vinificação faz-se em diferentes formatos e materiais: Tinajas de Terracota, Ânforas Turtles, moldadas em pó cerâmico. créditos: ©Mariana Abreu

Além da Vinha dos Alfaiates, foram também plantadas no mesmo território e de raiz, a Vinha da Família, Vinha de Sant ́Anna e Vinha da Aldeya, totalizando cerca de 20 hectares, processo que ficará concluído em 2020.

A plantação é destinada a castas tintas e a brancas, iniciando a viticultura em produção integrada, que mais tarde será convertida em produção biológica. Para os vinhos tintos a aposta é dirigida às castas Alicante Bouschet, Trincadeira, Aragonês e o tradicional Alfrocheiro.

No Alentejo, nasceu uma vinha plantada em patamares tal como no Douro
Vista sobre a nova adega. créditos: ©Mariana Abreu

Nos brancos, a escolha recai na Antão Vaz, típico da Vidigueira, o Arinto, o Roupeiro, Perrum e, ainda, as experimentais Alvarinho e Baga.

A par da vinha, foi projetada uma nova adega com capacidade para cem mil garrafas e com vinificação em diferentes formatos e materiais: Tinajas de Terracota, Ânforas Turtles, moldadas em pó cerâmico com estrutura de fibras naturais, cubas de cimento Nico Velo e balseiros de carvalho francês.