Os desafios que as alterações climáticas representam para a indústria do vinho estão a ser debatidos até quinta-feira, numa conferência internacional no Porto que contará com a presença do prémio Nobel e ex-vice-presidente dos EUA Al Gore.

Na manhã desta quarta-feira, a segunda sessão teve a sueca Kimberly Nicholas como uma das oradores que mais captou a atenção dos cerca de mil espectadores na plateia. A professora de Sustentabilidade na Universidade de Lund, na Suécia, ensina a  gerir os recursos naturais para apoiar a qualidade e vida e preservar o meio ambiente.

Kim começou por explicar que a “qualidade de vinho oferecida aos clientes dependerá sempre do clima”, sublinhando que, “sem boas condições atmosféricas deixaremos de ter bom vinho“.

Uma das formas de manter a sustentabilidade na produção vinicola passará por encontrar áreas que ofereçam outras possibilidades de cultivo. Portugal, Espanha, França e Itália são os países que, segundo a oradora, melhor sabem produzir vinho na Europa, mas as áreas mais conhecidas - no caso português referindo-se a Douro e Alentejo - estão sobrecarregadas.

Foi assim que Kim Nicholas sugeriu que o Algarve, no sul de Portugal, reúne todas as condições para a produção vinícola.

Apesar de nomes como a Quinta dos Vales, Herdade dos Pimenteis ou a Quinta do Morgado da Torre serem reconhecidos mundialmente, a zona do Algarve não beneficia da mesma reputação que Douro e Alentejo. É por isso que uma exploração - sustentável - na zona algarvia faria com que existisse mais variedade no catálogo português e se evitasse a massificação de produção numa zona específica.

A sueca deixou ainda três medidas que todos os produtores vinícolas deviam ter em conta:

1- Apoiar metas cientificas na indústria de vinhos, para que a temperatura global não ultrapasse os 1,5 graus Celsius.

2. Apontar para zero a quantidade de emissões de gases com efeito de estufa em toda a cadeia de suprimentos.

3- Aproveitar estas medidas para alavancar a industria vinícola e assim sensibilizar os consumidores

Desta forma, Kimberly acredita que os amantes de vinho quererão mimetizar nos seus hábitos diários o que estas empresas fazem pelo meio ambiente.