Os desafios que as alterações climáticas representam para a indústria do vinho estão a ser debatidos até quinta-feira numa conferência internacional no Porto, que contará com a presença do prémio Nobel e ex-vice-presidente dos EUA Al Gore.
Na manhã desta quarta-feira, a primeira sessão trouxe um dos nomes mais reconhecidos da indústria vinícola, como é o caso do chileno Miguel Torres. Com presença em mais de 100 países, a marca Bodegas Torres consolidou-se nos últimos 30 anos como uma das principais produtoras de vinhos do mundo, tendo como prioridade o respeito pelo meio ambiente, assim como a responsabilidade social.
Miguel Torres começou por referir que "as temperaturas médias não param de aumentar de ano para ano e esse fator tem grande influência na qualidade do vinho oferecido aos clientes".
“Os graves incêndios, provocados claramente pelas alterações climáticas, destruíram campos vinícolas no Chile, Espanha, Argentina ou EUA“ ,dando conta dos graves incêndios na Califórnia em 2017.
Como forma de prevenir este flagelo no setor, Torres sugere que se construam grandes poços de água natural ao redor dos campos, de forma a evitar a propagação das chamas e, ao mesmo tempo, minimizar os consumos excessivos para irrigação dos mesmos.
Outro assunto que chocou a plateia do Centro de Congressos da Alfândega do Porto, onde estão cerca de mil pessoas, foi a quantidade de emissões Co2 que a produção biológica obriga atualmente, sendo superior à da tradicional. Torres apresentou números de 1019 g/km contra os 772 g/km na comparação entre produções orgânicas e tradicionais. Contudo, Miguel Torres vê uma oportunidade na reutilização de CO2 do processo de fermentação do vinho para minimizar as emissões de dióxido de carbono e limitar os efeitos das alterações climáticas.
A marca quer dar um passo em frente no compromisso ambiental, pretendendo reduzir as emissões de CO2 em 30% por garrafa até 2020.
Vinho em marte?
A Georgia pretende instalar uma infraestrutura agrícola em Marte para produzir vinho, especulando-se que a produção de vinho a partir da uva branca seja mais eficaz.
“Se vamos viver em Marte um dia, a Geórgia tem de contribuir. Os nossos antepassados trouxeram o vinho para Terra, por isso nós podemos fazer o mesmo em relação a Marte”, justifica Nikoloz Doborjginidze, fundador da Agência de Investigação Espacial da Geórgia, ao jornal norte-americano The Washington Post, aqui reproduzido pelo jornal Sol.
É com estas notícias que Miguel Torres explica que não precisamos de chegar a este ponto.
“O nosso planeta é lindíssimo, eu não quero ir morar para Marte. Vocês querem? E por isso temos de fazer algo para manter-nos aqui”, rematou.
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