Pede a natureza ao caranguejo que, de tempos-a-tempos, cresça um pouco mais. Ditou a evolução que o crustáceo não tenha sido dotado de esqueleto interior, antes de uma casca protetora que, por ironia do destino, não alarga à medida do crescimento da criatura. Tem pois, o caranguejo, de se livrar da dita casca várias vezes na sua vida. Ora, é nesta muda que a espécie marinha se converte numa iguaria a que os pescadores chamam caranguejo de casca mole. Até nos pode deixar de coração mole, ou partido, aproveitar a vulnerabilidade do bicho durante a muda e levá-lo à mesa. Para infortúnio do animal fica de sabor excelente, é comido de fio-a-pavio, patinhas incluídas.

Deixa-nos de coração mole comer a nova sandes de caranguejo de casca mole da Padaria Portuguesa
Salada vegan, salada de favas e salada de lulas.

Isto mesmo nos é dado a provar entre as novidades que a Padaria Portuguesa lança este mês de maio. Sim, leu bem. A marca que nos habituou ao pão, bolos, salgadinhos e que já abriu 55 espaços, lançou recentemente novos menus de almoço que estão a revolucionar a forma como a empresa portuguesa se posiciona neste segmento. Antes de passarmos para as saladas e sandes, apenas mais duas ou três linhas sobre o nosso amigo caranguejo de casca mole. Chega à mesa num pãozinho brioche especial (não leva ovos, tem menos manteiga na massa e um banho da mesma na cobertura) e é apaladado com maionese de pimento padrón, sriracha, um molho de pimenta tailandês, aros de cebola roxa, sumo de limão e uma folha de alface. Acompanham chips de batata-doce laranja.

Degustar uma sandes de caranguejo é um desafio lançado aos clientes. Como também o foi para a equipa da Qualidade da Padaria Portuguesa e para a chefe de cozinha Ana Viçoso a preparação destas nova carta de almoços. Isso mesmo nos conta Nuno Carvalho, Diretor-Geral da empresa, “quisemos lançar novos sabores nacionais e internacionais. Ao longo dos anos fomo-nos adaptando. Tínhamos o foco no segmento padaria e pastelaria e os almoços surgiam numa lógica complementar. Há dois anos fizemos um upgrade na oferta de saladas e sumos naturais. Tomou um peso grande na faturação. Hoje em dia, o cliente está mais informado sobre a alimentação, quer experimentar novos ingredientes e, as novas gerações, não querem refeições de duas ou três horas”.

Deixa-nos de coração mole comer a nova sandes de caranguejo de casca mole da Padaria Portuguesa
Sandes de rosbife.

Partindo destes pressupostos estava aberta a oportunidade para a empresa que até ao final de 2017 estima abrir mais nove lojas, lançar uma nova etapa. Mesmo que isso tenha obrigado na fase de planeamento a viajar milhares de quilómetros na procura de sabores inusitados. Japão, Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha, Espanha estiveram na rota da procura alimentar.

Dentro de portas também se laborou muito como nos conta Ana Viçoso que integrou a Padaria Portuguesa em fevereiro de 2017 e que deixa a sua assinatura nas novas ementas agora apresentadas. “Foram meses de muito trabalho, de muitas tentativas falhadas e muitas combinações de ingredientes para chegar ao presente resultado”. Um trabalho que também passou pelo retorno que a direção recebia dos gerentes de loja, como nos confidencia ao SAPO Lifestyle Nuno Carvalho: “por exemplo, só 20% dos nossos clientes provaram couscous, um número inferior de consumidores nunca provou pera abacate”.

Agora, o consumidor que se acercar do balcão da Padaria Portuguesa já pode provar o couscous ou a pera abacate. Encontra estes ingredientes, tal como a couve kale frisada, a quinoa, o húmus de grão.

Deixa-nos de coração mole comer a nova sandes de caranguejo de casca mole da Padaria Portuguesa
Sandes de salmão.

Ana Viçoso é uma apaixonada por esta química de sabores. Fala com entusiasmo dos pratos que criou, de especiarias como o cardamomo, ”esquecido pelos portugueses”, ou os cominhos que entram na sua salada de favas baby, utilizados para temperar a morcela tradicionalmente ligada aos guisados com a leguminosa. Um elenco de saladas que inclui uma versão vegan, com couve kale, palitos de maçã verde, batata-doce assada, beterraba, quinoa branca e vermelha, húmus de grão. Os desportistas também não foram esquecidos. “A salada de atum foi pensada para quem pratica exercício físico. Conta com atum em azeite, ovo, ¼ de abacate, feijão preto que, aqui, opera como um hidrato de carbono complexo”, explica a jovem chefe que quis, ainda, adicionar uma outra proteína às novas propostas. A salada de lulas, frigidas em azeite e colorau, chega-nos com uma mistura ibérica de vegetais, rúcula e espinafres.

O rol é extenso, inclui uma meia dúzia de sandes, como a de atum, a de salmão, a de camarão, a sandes vegan e o desenvolvimento de novos pães: a baguete de queijo, a de cebola ou a chapata de azeitonas. Ainda no item pão, Nuno Carvalho anuncia para breve novidades, com “a disponibilização de novos produtos com a recuperação de farinhas antigas, fermentações lentas. Contamos com o trabalho de um especialista em pão, português, que esteve a trabalhar em Estocolmo, Suécia”.

Os novos menus da Padaria Portuguesa estão disponíveis a preços que variam entre os 4,95 euros e os 6,95 euros.Ao cliente é, ainda, dada a possibilidade de trocar, acrescentar ou completar o seu menu com sopa, copo de vinho, chips de batata-doce, sobremesa e café, entre outras propostas.