O rótulo de uma garrafa de vinho produzido na União Europeia deve ter obrigatoriamente a marca comercial, o tipo de vinho, a classificação do vinho, o nome e morada do engarrafador, a capacidade da garrafa e o volume alcoólico.

Vamos, agora por último, «depois do corpo», falar da alma do vinho, o álcool, outra das informações do rótulo do Vinho.

O álcool é a "componente essencial do vinho que resulta da transformação do açúcar das uvas pela acção de leveduras, durante a fermentação. O álcool nobre e natural do vinho é o etanol. Embora em pequenas proporções, aquele contém outros álcoois e poliálcoois (isoamílico, isobutírico, glicerol, etc.)".

O grau alcoólico do vinho deve vir expresso nos rótulos em % por volume (litro). Os órgãos que regulamentam a produção de vinho em Portugal, em primeiro lugar o Instituto da Vinha e do Vinho e a seguir as Comissões Vitivinícolas Regionais (também há institutos como o do Douro e Porto, ou da Madeira) têm regulamentos próprios em que a graduação alcoólica mínima do vinho vem referida, já sobre a máxima, há excepções.

Por exemplo, segundo o Instituto da Vinha e do Vinho, para ser considerado vinho Branco, Rosé ou Tinto tem de ter no mínimo 9% vol., já um vinho Espumante 9,5% vol., mas se for um vinho Espumante de Qualidade e com Denominação de Origem Protegida (igual a Controlada), terá de ter no mínimo 10% vol.

No que toca ao máximo de graduação alcoólica referido na lei, para o vinho Branco, Rosé e Tinto, não pode ultrapassar 15% vol. No entanto, existe uma excepção «o limite máximo do Título Alcoométrico Volúmico Total pode exceder 15% vol. para os vinhos com Denominação de Origem Protegida que tenham sido produzidos sem enriquecimento», ou seja, sem adição de mosto concentrado.

E sabia que até os vinagres de vinho podem ter algum grau alcoólico? Neste caso, igual ou inferior a 1,5% vol.

Existe junto dos consumidores um interesse crescente em vinhos de baixo teor alcoólico, sobretudo por razões de saúde. Mas no final os vinhos com mais grau alcoólico acabam por agradar durante uma degustação, parece e é um contra-senso.

A trabalhar afincadamente está a parceria entre a Enofisis/ISA/IST, desde há alguns anos a desenvolver um processo capaz de reduzir o teor alcoólico, com o mínimo impacto nas propriedades sensoriais do vinho (aroma, sabor). Este processo tem sido testado com êxito na obtenção de vinhos com 6-7% de álcool e parece que há garante de viabilidade económica nesta operação. Só falta ajustar a legislação para poder chamar-se verdadeiramente vinho a este néctar e começarmos a encontrar % menores na informação do rótulo do vinho!

Teresa Gomes

Sommelier