Do lado de fora do restaurante Soão, no bairro lisboeta de Alvalade, barris de saké, lanternas de papel, gaiolas de aves e uma escultura da cabeça de Fujin, o deus japonês do vento, decoram a fachada envidraçada do Soão. É, contudo, no interior que se esconde um mundo novo. Para lá das portas de madeira existem dois pisos dedicados ao Oriente, idealizados pelo gabinete de arquitetura português GRCA. Em ambos, é possível provar especialidades da Índia, China, Japão, Vietname, Tailândia e Coreia.
No piso térreo funciona uma taberna asiática com 30 lugares e um balcão de sushi e grelhador robata, o epicentro do restaurante e o poiso habitual do chefe executivo Luís Cardoso, grande conhecedor da cozinha japonesa.
Foi enquanto aprendiz do mestre Takashi Yoshitake no lendário restaurante Aya que Luís ganhou as bases para a confeção de sushi e sashimi tradicional e rigoroso, cujas técnicas agora aplica no Soão. Os que estiverem sentados ao balcão, à frente do chefe, vão poder acompanhar a confeção de boa parte dos pratos de peixe e marisco e falar com a equipa sobre um ou outro produto mais inusitado.
Das mesas da taberna também é possível sentir os aromas fortes das especiarias, descobrir algo novo, observar o vaivém de pratos. Da Índia chegam as samosas (7,00 euros), da Tailândia o pad thai (16,00 euros) e a salada de papaia verde som tam neua (14,50 euros), do Vietname o célebre pho (11,00 euros), da China os dim sum (entre 5,00 euros e 7,00 euros).
Já a carta de sushi e sashimi reúne várias sugestões de gunkans, nigiris e makis — o da casa, o Soão maki (23,50 euros), leva enguia, barriga de atum, flor de sal e yukari, um condimento seco japonês.
O bas-fond Oriental
No piso inferior, o ambiente é outro. Deixamos o bulício da taberna para mergulhar no silêncio do bas-fond oriental, que no Soão se traduz em quatro salas privadas, cada uma com seis lugares.
A experiência é intimista e a refeição desenrola-se vagarosamente. Afinal, há que ter tempo para saborear o “Expresso do Oriente”, o menu de seis pratos e seis bebidas que apenas está disponível neste piso e que é a seleção das melhores propostas que compõem a carta (85,00 euros menu completo; 65,00 euros sem bebidas). O Expresso do Oriente é a sugestão da equipa para esta divisão do Soão mais misteriosa, mas quem preferir pode optar por fazer uma escolha a la carte e ir provando as muitas criações asiáticas.
A cerimónia do chá
De uma parceria com Sebastian Filgueras, tea sommelier e fundador da Companhia Portugueza do Chá, resultaram os “seis chás do Soão”. São bebidas que, pelas suas características, combinam bem com as criações da equipa de cozinha.
É o caso do Mao Feng Imperial, um chá verde chinês ideal para acompanhar caldos e sopas, e o Hojicha Style, um chá verde torrificado e sem teína que realça o sabor das carnes.
O chá assume igual importância no final da refeição, altura em que acontece a cerimónia do chá. Trata-se de uma harmonização de chá e whisky, com o primeiro a fazer sobressair as notas do último.
Ichi-go ichi-e (‘um encontro, uma oportunidade’)
A filosofia japonesa que inspirou o conceito do bar do Soão levou Vasco Martins, o head bartender do restaurante, a combinar especiarias, xaropes caseiros e ingredientes asiáticos, a agitar o shaker e a criar cocktails que remetem para o imaginário dos países do Oriente. Há, por exemplo, o Xangai, feito com aguardente chinesa, dragon fruit e oyster syrup, e o Bombaim, um bilhete em estado líquido para uma viagem até à India, feito com rum, manga, canela e xarope de amêndoas. Cervejas artesanais asiáticas, sakés e destilados coreanos e chineses, como o soju, feito a partir de arroz, e o baijiu, feito a partir de grãos de sorgo fermentado, completam a carta de bebidas.
Avenida de Roma, 100, Lisboa
Horário: Aberto diariamente para almoços e jantares, de segunda a quinta-feira das 12h30 às 15h30 e das 19h30 às 23h00; sexta-feira das 12h30 às 15h30 e das 19h30 à meia-noite; sábado das 12h30 à meia-noite, e domingo das 12h30 às 23h00.
Reservas: Tel.: 210 534 499; e-mail reservas@soao.pt
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