Seis estudantes recém-licenciados, com formação em design de moda, vieram de Itália para apresentar as suas coleções cápsulas na ModaLisboa. Uma oportunidade única – e inédita em 60 edições de certame - que se tornou possível graças à parceria que o Istituto Europeu de Design (IED) estabeleceu com o certame de moda nacional e que teve lugar este sábado.
Oriundos dos quatro campus que o grupo académico tem espalhados em território italiano - Turim, Roma, Milão e Florença –, sete jovens participaram no IED Graduates Fashion Show: um desfile de moda onde apresentaram as suas coleções cápsulas criadas durante a sua tese de mestrado. “Este é o projeto final onde cada um apresenta cinco looks que podem ser para mulher, homem, sem género ou unissexo”, explicou Olivia Spinelli, coordenadora e diretora criativa do polo em Milão, em entrevista ao SAPO Lifestyle.
Para além de ao longo do curso a IED tentar preparar da melhor forma os estudantes do departamento de moda para aquilo que irá ser o seu futuro – através de deadlines apertados onde têm de apresentar os esboços das suas coleções -, para a diretora esta experiência é importante uma vez que será o seu primeiro contacto direto com aquilo que sempre ambicionaram: participar numa verdadeira Semana da Moda.
“Os alunos apresentam o seu projeto final num evento em Milão, a Piattaforma Sistema Formativo Moda ETS, ao estilo da competição Sangue Novo, mas ter a oportunidade de mostrar o seu trabalho em outro país é um passo importante para poderem crescer. É uma boa experiência onde podem criar relações com outros colegas e designers de moda em Portugal”, adianta a coordenadora.
Nicolò Artibani, Lorenzo Attanasio, Alessandro Bonini, Gaia Ceglie, Luca De Prà e Maria Eleonora Pignata foram os seis estudantes (sendo que inicialmente eram sete a contar com Giovanni Marchetti) que, este sábado, apresentaram as suas coleções-cápsula na ModaLisboa. Future Starts Slow foi o tema escolhido para este desfile que pretendia passar uma mensagem muito simples: que os designers são o futuro do mundo da moda.
“Ser designer significa poder mostrar o seu trabalho e ser corajoso o suficiente [para ter a sua própria voz]. É algo que é muito importante na nossa escola. Todos os estudantes quando começam este programa sonham estar em cima da passerelle, mas isso é um sonho e têm de trabalhar para esse sonho”, complementa Riccardo Balbo, diretor académico do grupo Istituto Europeu de Design.
Seis designers, cinco looks e um desfile
“Esta é uma oportunidade única na vida”. Foi assim que Alessandro Bonini descreveu ao SAPO Lifestyle o momento em que apresentou a sua coleção em território português e naquele que é um dos maiores certames da moda nacional.
Cada um dos looks foram criados durante um período especialmente delicado da sua vida e que, após longos meses de trabalho, deram origem à coleção “PER_SON_A”. “Foi algo que nasceu após a morte da minha mãe. Para mim a moda é a materialização do nosso lado espiritual e dos nossos sentimentos. É algo muito pessoal”.
Nesta apresentação feita a duas cores – o branco e o preto -, o jovem designer deu primazia à qualidade dos tecidos utilizados, assim como à sua sustentabilidade e fabrico. Questionado sobre o futuro, Alessandro Bonini sabe bem aquilo que quer. “Gostava de ser diretor criativo da minha marca ou de uma marca tenho os mesmos valores que os meus, em termos de sustentabilidade e emocionalmente”, remata.
Foi ao som de música clássica que Lucas de Prà apresentou Dividit, uma coleção de moda sem género cuja inspiração provém do romance “The Cloven Viscount”, do escritor italiano Italo Calvino.
“Inspirei-me na história da moda onde testei a crinolina [armação usada debaixo de saias ou vestidos] e a alfaiataria. Também implementei muito trabalho manual. Fiz tudo através um processo de tailor-made, tudo bespoke, tudo cosido à mão com bordados. É como se fosse alta-costura para homem, por isso as roupas demoram muito tempo a fazer”, explicou sobre os seus cinco looks onde se destacaram os fatos e blazer assertoados.
Mas qual será, para o estudante de moda, que ambiciona criar peças com significado e que sejam usáveis, a melhor parte de apresentar uma coleção cápsula no estrangeiro? “Para mim é incrível ver, não só outras pessoas, como outro tipo de público reage aos teus designs e ao teu projeto”.
Comentários