
Na noite de sexta-feira, Duarte Jorge e Gabriel Silva Barros foram os vencedores do concurso Sangue Novo, que premeia jovens talentos do design em Portugal.
Duarte Jorge apresentou "2112. ONYX DISTRICT.", uma visão distópica de uma sociedade dividida entre ricos e pobres, com silhuetas oversized e detalhes holográficos. Usando o preto como cor principal e materiais sustentáveis, a coleção destaca a luta entre a opressão e a liberdade, e Duarte recebeu o Prémio ModaLisboa x IED para estudar Fashion Brand Management em Florença.
Gabriel Silva Barros trouxe "De Volta ao Mar", uma coleção que explora a jornada de autodescoberta de pescadores após uma noite de cross-dressing. Com um estilo excêntrico, ele questiona a masculinidade e as normas sociais. Gabriel recebeu o Prémio ModaLisboa x RDD Textiles e terá a oportunidade de desenvolver uma coleção inovadora com a RDD.
O trabalho destes dois designers sobressaiu entre os cinco finalistas que tiveram a oportunidade de apresentar as suas coleções.
No mesmo dia, Inês Barreto, com a coleção "Desassossego" para o outono/inverno 2025/2026, fez uma homenagem ao "Livro do Desassossego" de Fernando Pessoa. A coleção é uma interpretação visual e têxtil da fluidez da identidade e da fragmentação, conceitos presentes na obra literária. A coleção desafia a noção de identidade fixa e celebra a liberdade de transformação. As camadas, texturas e silhuetas contrastantes, inspiradas pela multiplicidade de vozes e pela improvisação do jazz, criam um guarda-roupa mutável, onde a beleza reside na complexidade e na constante mutação.
Encerrando o primeiro dia de desfiles, Diogo Mestre, com a sua marca Mestre Studio, trouxe uma coleção que explora a passagem da infância para a adolescência. A coleção "Não me esperes para jantar" celebra a transformação que ocorre nesse momento da vida, onde a brincadeira dá lugar à descoberta e as roupas se tornam mais definidas. Os materiais escolhidos, como tricô, ganga e tecidos texturizados, refletem essa transição, criando uma narrativa visual e emocional sobre o amadurecimento.
A coleção "Nostalgia for the Future", do IED – Istituto Europeo di Design, propôs um olhar paradoxal sobre o tempo, explorando a nostalgia por um futuro imaginado. Criada por estudantes finalistas dos campus de Itália e Espanha, a coleção combinou tradição e inovação, projetando novas estéticas e tendências emergentes. Através de materiais sustentáveis, os jovens designers questionaram identidade e evolução da moda, transformando-a num meio de experimentação criativa e responsabilidade social.
No mesmo espírito de contestação e reflexão sobre o presente, Bárbara Atanásio apresentou uma coleção que traduz a sobrecarga emocional da sociedade contemporânea. O seu desfile rejeita a ideia de beleza convencional, apostando em silhuetas exageradas e sobrepostas que refletem a tensão entre revolta e rendição. Materiais naturais contrastam com a alienação tecnológica, criando uma estética que denuncia a instabilidade do mundo atual.
Já Ana Rita de Sousa, com a sua marca ARNDES, focou-se na metamorfose dos materiais, explorando contrastes entre estrutura e fluidez. A designer apostou em burel, denim selvedge e tricôs feltrados, jogando com volumes extremos para expressar uma dualidade estética e funcional. Com um compromisso sustentável, a coleção privilegia materiais deadstock, refletindo uma abordagem consciente à moda contemporânea.
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