A graciosidade de Audrey Hepburn está ao alcance da maioria das mulheres. Vicky Fernandes explica-lhe como no livro
«Saber Estar», recentemente lançado.
Eleita diversas vezes como «exemplo de elegância» pelas revistas «cor-de-rosa», Vicky Fernandes, actualmente relações públicas da Câmara Municipal de Óbidos, lançou recentemente um verdadeiro manual para o sucesso das relações sociais, com ilustrações de Mário Matos Ribeiro.
Segundo a autora de «Saber Estar», «seria mais correcto pensar neste livro como algo mais do que um simples catálogo de boas maneiras ou regras de etiqueta. Nele poderão encontrar pistas para garantir maior segurança, para estar à altura das mais variadas situações, pistas que distinguem uma boa entrevista para um emprego de uma má entrevista, formas de criar um clima propício para fechar um negócio, levar negociações a bom termo», sublinha.
«Algumas dessas pistas são usadas metódica e regularmente por gestores, políticos e boa parte dos que compreendem como a nossa imagem e aquilo que vai para além das palavras pode determinar o sucesso ou o insucesso na vida», acrescenta.
Os portugueses sabem estar? Quais são as grandes falhas que ainda hoje encontra no nosso país em termos convivência social?
O mais grave defeito que teimamos em não corrigir é a total falta de pontualidade. Prejudica muitíssimo a imagem dos portugueses e é ainda mais injustificada quando percebem que não fazemos nenhum esforço para cumprir horários.
No entanto, os portugueses têm uma apetência natural para a comunicação, são muitíssimo desenvoltos nas relações pessoais e se há povo que deixa marcas é o português. Ninguém nos fica indiferente.
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Nenhum grande líder político nacional ou internacional conseguiu atingir bons resultados eleitorais sem uma cuidadosa gestão da sua imagem, de Barack Obama a José Sócrates, não faltam exemplos.
Há mulheres que marcam a diferença, são o perfeito exemplo da conjugação de factores que tentei explicar no livro, que parecem estar sempre bem com grande facilidade, conseguem projectar a sua verdadeira personalidade. É o caso, entre outros, de Audrey Hepburn, Jackie O, Madonna, Tilda Swinton.
No primeiro capítulo do seu livro percebe-se que, para si, a elegância não tem tanto a ver com o tipo de corpo, a classe social a que se pretence ou com as peças de roupa que se usam. O que define então uma mulher elegante?
A verdadeira elegância não é pura estética, é atitude, quando alguém demonstra confiança, segurança em si própria, permite-se viver a vida que escolheu. No entanto, é também sinónimo de bom gosto. Não se nasce elegante, aprende-se, adquire-se, vai-se assimilando.
Qualquer mulher pode ser digna de um Breakfast at Tiffany’s. Uma pessoa elegante quando entra numa sala é notada mas não faz nada para isso. Marca a diferença porque gosta de si própria, respira confiança.
Veja na página seguinte: O que fazer para ser mais elegante
Como se pode construir a elegância?
Há algumas pessoas em que parece ser inato mas, na maioria dos casos, é passível de ser construída.
Há características físicas que podem ajudar a criar uma imagem mais conforme aos cânones vigentes, mas isso é só uma parte da solução.
A elegância não se restringe ao aspecto físico, longe disso, estamos a falar de algo mais abrangente, estamos a falar de armas para o sucesso, portanto, de dedicação, estar atento, tacto, estudar e praticar.
O que é essencial para que uma festa ou um jantar dado em nossa casa seja um sucesso?
A nossa casa pode não ser a maior, a mais bonita, a que tem melhores peças de arte ou o melhor serviço de jantar, mas é nela que nos sociabilizamos e não nos esqueçamos que o objectivo primeiro de uma festa ou de um jantar é sempre o convívo e a diversão. Será a criatividade e a originalidade que irá marcar a diferença e o sucesso em relação a outras festas.
Que gafes nota que geralmente se cometem quando se assume o papel de convidado?
Os convidados também têm deveres, não só em relação aos donos da casa mas também em relação aos outros convidados. Há inúmeras gafes que podem ser cometidas indiscriminadamente, desde a pontualidade até ao dever de agradecer e responder ao convite.
Ao nível da imagem, nomeadamente da roupa, acessórios e sapatos, que erros mais detecta nas escolhas das mulheres portuguesas?
O maior erro é a pura imitação. Primeiro temos que saber auto avaliarmo-nos, acreditar em nós e agir em consonância. Somos nós que devemos ser vistas e não o vestido de um criador.
Chanel dizia «quando a mulher está mal vestida repara-se no vestido, se está bem vestida repare-se na mulher». Não copie o que vê nas revistas. Aposte nas características que nos tornam únicas. Opte por inventar o seu estilo.
Quais são as peças que considera indispensáveis no guarda-roupa feminino?
Actualmente, numa indústria com a ditadura das tendências e a velocidade do prazo de um iogurte, devemos servir-nos da moda para expressar a nossa individualidade.
Há, no entanto, peças de culto que são indispensáveis no guarda-roupa de qualquer mulher, do little black dress ao trench-coat, passando pela camisa branca, cardigans, até às incontornáveis calças de ganga, são peças intemporais, carismáticas, que só melhoram com o tempo.
Qual a importância dos acessórios para a construção do look feminino?
Há acessórios que, apesar do seu nome, são protagonistas imprescindíveis, sem eles parece que o look não está completo, são por si só capazes de nos dar distinção e fazer um upgrade ou arruinar qualquer indumentária. Por isso, é muito importante sermos criteriosos na aquisição destes e na sua manutenção.
Veja na página seguinte: Como usar socialmente o telemóvel
Há um curioso capítulo do seu livro dedicado à utilização dos telemóveis. O que mais a choca na relação que hoje temos com este objecto?
Choca-me sobretudo o facto de termos vivido a vida toda sem sentirmos a sua falta e hoje sair de casa sem ele ser algo absolutamente insuportável para nós.
Refresque o guarda-roupa
As peças que deve eliminar do seu armário, segundo Vicky Fernandes:
Texto: Nazaré Tocha
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