Recentemente, Jean-Denis Rouillon, médico especialista em medicina desportiva, lançou a tese de que o uso de sutiã não beneficia o peito, com base num estudo realizado, desde 1997, envolvendo 330 mulheres entre os 18 e os 35 anos.

«Em termos médicos, fisiológicos, anatómicos, o peito não beneficia do facto de estar privado do efeito da gravidade. Em vez disso, enfraquece», afirmou o médico, citado pela CBS News.

Ainda assim, o autor alerta para o facto de os resultados reportarem a um grupo que não representa a população em geral. Segundo a mesma fonte, os investigadores acreditam que usar sutiã «favorece a deterioração dos músculos que sustentam o peito». Mas será mesmo assim?

Ana Paula Avillez, médica imagiologista especialista em senologia, não subscreve a teoria e sublinha a importância do uso daquela peça. «A pele, elástica, é o principal suporte da mama. Quanto mais peso suportar maiorserá a tendência para ser alvo de flacidez e desconforto. A conclusão do estudo não reflete a opinião mais generalizada», explica.

O sutiã certo

Antes de comprar, deve «tirar as suas medidas ao nível do tórax (tamanho do cós) e do busto (tamanho da copa) para escolher um modelo adaptado à sua fisionomia. Regule as alças e o fecho do cós. Costuras e aros rígidos podem ser desconfortáveis e alguns tecidos demasiado elásticos podem não oferecer suporte suficiente», recomenda.

«Também é importante escolher um material que, à semelhança do algodão, permita a rápida evaporação da transpiração. Não há vantagem em usar sutiã para dormir e, para praticar desporto, deve escolher um modelo específico, com alças adaptadas», aconselha a senologista.

Exercício físico e postura

«A postura é importante não só para o peito, mas também para salvaguardar possíveis problemas na coluna e por uma questão estética», indica a especialista. «Tente manter a cabeça e os ombros direitos quando anda (olhe em frente), ajuste a altura da cadeira e mesa de trabalho e coloque o computador de frente. Faça exercício físico, como nadar e caminhar», aconselha.

Hidratação e proteção solar

Embora não seja o garante de que não terá flacidez ou estrias (como por vezes ocorre na gravidez e amamentação), «hidratar a pele diariamente, com um creme emoliente, é uma ajuda extra», recomenda Ana Paula Avillez. «Também pode recorrer a um refirmante específico para os seios e, quando se expõe ao sol, é fundamental utilizar o protetor solar adequado ao seu tipo de pele para evitar sinais de envelhecimento prematuro», diz.

Tabaco e dietas radicais

«Abandone hábitos tabágicos e dietas drásticas, grandes inimigos da saúde em geral e em especial da pele. Fumar é péssimo para a vascularização (a nicotina diminui o calibre dos vasos sanguíneos), favorecendo o envelhecimento precoce da pele.

As grandes oscilações de peso, sobretudo num curto espaço de tempo, originam flacidez (quando se emagrece muito) ou estrias (quando se engorda muito). Em média, não é conveniente perder mais do que quatro quilos num mês», recomenda a médica.

Oscilações hormonais

Têm impacto ao longo da vida feminina (fertilidade, gravidez, lactação e menopausa). Muitas mulheres debatem-se com os efeitos inestéticos resultantes da gravidez e da amamentação, mas os casos menos felizes só se resolvem com cirurgia, explica Ana Paula Avillez

«Tal como a gravidez, a amamentação requer cuidados de hidratação e o recurso a um sutiã adequado, ajustável e com sistema de abertura das copas. Após essa fase, algumas mulheres ficam com os seios maiores, outras perdem volume e firmeza... ou se contentam ou optam pela cirurgia de aumento e/ou lifting», diz.

Posso fazer a cirurgia plástica?

Poder, na maioria dos casos, até pode, mas existem fatores de risco. «Tabagismo, diabetes, hipertensão, doenças autoimunes e perturbações da coagulação sanguínea e da cicatrização são fatores de risco para o surgimento de complicações, mas não constituem contraindicação para a cirurgia», indica Tiago Baptista Fernandes.

«Quando existe uma depressão do sistema imunitário (por exemplo, após um cancro de mama) devemos esperar pelo seu fortalecimento», indica ainda.

As soluções da cirurgia

Tiago Baptista Fernandes, cirurgião plástico, revela técnicas que, prevenir com ajuda do bisturi, concedem um aspeto mais feminino e natural:

- Peito pequeno

A solução passa pelo recurso a próteses de silicone anatómicas ou em gota. Para mulheres magras que querem um resultado natural, «a técnica ideal à luz da ciência para aumento mamário é a prótese de silicone anatómica ou em forma de gota (o polo superior da mama é mais retilíneo e o polo inferior convexo). A cirurgia dura uma hora e é realizada com anestesia local e sedação ou com anestesia geral», esclarece o médico.

As próteses devem ser colocadas por baixo do músculo, dual plane (duplo plano), pelo sulco ou pelo mamilo. O tempo de recuperação normal é de sete a nove dias. Este tipo de intervenção tem preços a partir de 3.500 €, não sendo por isso para todas as bolsas.

- Peito demasiado grande

A solução passa por uma redução mamária. Esta cirurgia, que pode demorar até quatro horas, está indicada para «casos de peito excessivamente grande, acompanhado por dores de costas e pescoço e/ou eritema cutâneo por efeito da fricção da pele. Para eliminar o excesso de tecido mamário é feita uma incisão à volta da aréola e na vertical, podendo ser necessário uma cicatriz no sulco em forma de T invertido», refere o especialista.

Este procedimento «permite reduzir o tamanho da aréola, fazer um lifting da mama e reduzir o seu volume», acrescenta ainda. O tempo normal de recuperação é de sete a 15 dias. 4.000 € é o mínimo que vai ter de desembolsar para se submeter a uma cirurgia desta tipo.

- Peito flácido

A solução passa pelo recurso a um lifting mamário (mastopexia). «Consiste em retirar o excesso de pele e reorganizar a glândula mamária, concedendo o efeito desejado, com a paciente sob anestesia geral. São feitas incisões em torno da aréola, incisão vertical ou em T invertido, com colocação de prótese nos casos de flacidez mais ligeira ou moderada», explica Tiago Baptista Fernandes.

«O recurso a prótese está desaconselhado em casos de flacidez muito acentuada, que resultam geralmente de perdas de peso muito acentuadas (40 a 80 quilos)», refere ainda o especialista. O tempo médio de recuperação situa-se entre os sete a 15 dias. Esta cirurgia custa a partir de 4.000 €.

- Peito com mamilo invertido

A solução passa pela correção do mamilo invertido. Nesta técnica cirúrgica, «procede-se à eversão (reviramento) do mamilo retraído. A cirurgia é feita em ambulatório com recurso a anestesia local, em cerca de meia hora», explica o cirurgião.

«Pode ter repercussão na amamentação (cortam-se alguns ductos galactóforos, diminuindo a saída de leite) mas geralmente a intervenção é realizada posteriormente à amamentação, já que a inversão do mamilo resulta precisamente dessa situação», refere ainda. O tempo de recuperação é, geralmente, de um dia. A intervenção custa a partir de 500 €.

Texto: Leonor Macedo
Revisão científica: Ana Paula Avillez (médica imagiologista especialista em senologia) e Tiago Baptista Fernandes (cirurgião plástico e diretor do departamento de medicina e cirurgia estética da clínica White)